Beethoven’s Silence – Ernesto Cortázar

Na tela do computador especulava o que aquela conversa queria me trazer como aprendizado; parecia um bate papo comum, quando duas pessoas se encontram para trocar informações e compartilhar suas experiências. Mas a vida é pedagógica e sempre traz ensinamentos, se estamos no silêncio, com as antenas do Coração ligadas.

A conversa deu uma guinada. O depoimento era de uma vida inundada por sofrimentos, passando por enfermidades e ausência de recursos para alimentação básica. Nessas situações, a quietude interior deve se impor. É impossível não se sentir unido ao outro, como se a dor alheia fosse a nossa dor também. Nada de extraordinário e muito menos presunçoso; apenas um sentimento de unidade e de compaixão, atributos do Ser Espiritual que todos somos.

Em situações assim, descortinam-se contrastes abissais e a percepção dos opostos iluminam nossa consciência. O cenário de desequilíbrio lembrava, também, os vários textos escritos sobre o egoísmo e das falsas crenças na cultura da escassez. Frases inteiras sobre a Lei da Abundância, sobre a fraternidade e sobre questões cármicas me vinham à mente, contudo, era prudente esperar uma chance para tentar introduzir uma visão filosófica diante daquele cenário. Como falar de alimento espiritual para alguém com carências tão marcantes?

Somos elos da mesma corrente e devemos atuar para que um circuito de luz se acenda e todos sejam iluminados pela Luz do Criador, que é a mesma Luz em cada ser. Naquela situação, seria inoportuno falar qualquer coisa direcionada à reversão daquele contexto material muito desfavorável, entretanto, sabia que poderia surgir a qualquer momento a palavra certa para que fosse evocada na pessoa sua própria Fonte de Sabedoria.

Quando se busca a união com o interno, independentemente da situação material, acende-se a chama da devoção e, com ela, vem a fé e a entrega. Tudo pode se transformar num piscar de olhos, porque a Infinita Sabedoria a tudo provê e tudo sabe a nosso respeito. No contínuo ciclo de semeaduras e colheitas pela eternidade da vida não há desequilíbrios, injustiças e muito menos erros, pois tudo pelo que passamos faz parte de um amplo ciclo de evolução planetária, regido pela Lei do Carma.

Com o ambiente já permeado por uma mútua confiança, a assertiva de que “nada nos falta” deixa de ter a conotação paradoxal com relação à escassez. Se colocarmos a mente nos planos imateriais da vida e invocarmos a Luz que redime e cura, o Suprimento Invisível chega à mesa, assim como a serenidade.

Podemos passar por provas mais densas, contudo, é nesse momento que surge a coragem para perseverar, mesmo em meio à aridez do deserto. Uma coisa é passar pelas dificuldades com vitimização e numa completa escuridão quanto aos ensinamentos subliminares associados às mesmas. Outra é agir com altivez e na fé de que aquilo que precisamos para o nosso equilíbrio material e espiritual nos chegará, ainda que por vias misteriosas, incompreensíveis à mente humana. A Luz e todo o provimento vêm do espírito, e este não falha.

São incontáveis os relatos de pessoas em situação de extrema dificuldade que mudaram de estratégia em meio às provas, fluindo com a vida, e colocando nas mãos do Pai a condução daquela situação. Tudo se transforma quando a entrega está presente e, assim, decidimos pautar nossa vida segundo a égide do Eu Superior, revertendo um cenário de experiências que visam tão somente a sobrevivência.

Se nos voltarmos para a Luz do Ser, a Lei da Abundância espiritual pode atuar de forma infalível: aquilo que precisamos para dar um salto de consciência nos chega, quer seja um alimento material e/ou espiritual. Quando o quadro se reverte, notamos uma ascensão, uma compreensão mais elevada e a sacralidade da vida. É quando a gratidão permeia o ser.

As vezes, as pessoas precisam apenas de um ouvido atento para desabafar, e nessas situações nada mais auspicioso do que colocar a mão no Coração e deixar que as palavras surjam do interior. Pelo princípio da unidade, Somos Um, e aquilo que o outro precisa ouvir acaba sendo revelado de alguma forma. Na verdade, é sempre uma conversa espelhada, porque falamos aquilo que nós mesmos precisamos para a nossa autocura.

Nas palavras da “A Mãe” (livro “A Descoberta Suprema”)

[…] Tu que choras, tu que sofres, tu que tremes sem ousar prever o fim dos seus males, um modo de escapar das suas dores, olha:

 não há noite sem aurora, e a alvorada se prepara quando as sombras se adensam;
 não há nevoeiro que o sol não disperse, não há nuvem que ele não torne dourada;
 não há lágrima que não seque um dia; não há tormenta que depois não irradie seu arco triunfal;
 não há neve que o sol não derreta, nem inverno que não se transforme em primavera.

Se a provação ou a falta te jogou no chão, se te afundares em abismos de sofrimento, não te aflijas, porque é então que a divina ternura e a suprema bênção poderão te alcançar! Porque tu passaste pelo crisol das dores purificadoras, a ti, portanto, pertencem as gloriosas ascensões.“ […]

Em União profunda.

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