Tristesse – Chopin

Será que somos capazes de expressar no mundo as mais belas virtudes e dons sublimes do espírito ou isso é algo reservado aos eleitos, àqueles marcados como seres especiais? Será que sermos boas pessoas é suficiente para preencher o vazio existencial? Se existe algo transcendente e superior à nossa capacidade de entendimento, como se alinhar a isso?

Cada um desses pontos demandaria longas explicações, entretanto, o que gostaria de destacar são esses incessantes questionamentos que transcendem a lógica mental, cujas respostas requerem uma compreensão interna, pelas vias do Coração. Observar a si mesmo é uma prática que revela não só questões pueris da personalidade, mas, principalmente, sinais sobre algo inusitado que pulsa no interior e faz pressão para nascer.

No íntimo, sabemos que as luzes do amanhecer já despontaram no horizonte, contudo, precisamos sair da escuridão e remover as amarras dos padrões e dos condicionamentos que colocam pesadas correntes aos nossos pés. A verdadeira Vida orientada pelo espírito está disponível para ser vivida; não é algo mirabolante, basta apenas abrirmos a mente e o Coração para isso.

Já podemos sentir aquele cheiro especial da terra molhada após a chuva, revelando silenciosamente uma nova humanidade sendo forjada. Se regarmos as sementes do bem que residem no nosso interior, certamente estaremos nos coligando com o nascimento de algo inteiramente renovado, pautado à luz de novos padrões de conduta que expressem os atributos do Eu mais profundo.

Independentemente dos nossos trajes e da pesada mochila que ainda carregamos, existe a possibilidade real de sermos “Seres-Espelhos”, aqueles que captam e irradiam para o mundo as Luzes desse inusitado porvir. São sentimentos que revelam conexões com uma nova consciência que subjaz às aparências, a qual traz em seu seio os fios de união com os mundos sublimes.

Parece algo presunçoso, se analisado sob o ponto de vista da pessoa, das peculiaridades da personalidade. Mas se nos entronizarmos no Eu Superior, nos posicionaremos de forma digna do ser espiritual que somos, muito além das formas, dos trajes e dos conceitos. A conexão com esse Eu nos projeta além das fronteiras do ego, abrindo caminho para o parto do novo ser.

Nada pode impedir àquele que aspira ardentemente pela sua própria reforma íntima que o Amor que vem do Altíssimo possa se revelar em toda sua plenitude. Se essa vontade for sincera e se a entrega e a fé estiverem presentes, tudo, absolutamente tudo, pode ser redimido e curado. A expressão desse Amor cauteriza as feridas, nos liberta dos apegos, traz a possibilidade de nos redimirmos e de equilibrarmos nosso carma.

Na quietude e no silêncio podemos nos conectar com a Fonte de onde tudo emana e sentir os perfumes das flores de um jardim florido. É possível ser um jardineiro consciente, um colaborador unido à Vontade do Criador. Já passou o tempo de nos apequenarmos diante da ditadura do ego humano. Há que abrir espaço para o desabrochar da consciência, de forma que ela se expresse em toda sua plenitude. O que poderia ser mais sublime do que experenciar esse sentimento de unidade com a vida?

A Luz Maior perpassa as camadas mais densas do ser e, por ressonância, seu brilho irradia para a humanidade. Podemos ser esse bambu oco, cuja Luz penetra e não projeta sombras. Em abertura e louvor deixemos que o Pai retire os nódulos internos do bambu, faça os furos necessários e nos torne uma flauta. Que Sua música possa ser tocada e que a harmonia se faça ao nosso redor.

Cabe a nós coragem para perseverar, na fé de que somos lascas que saíram do mesmo tronco da Vida manifestada. O sentimento de unidade virá, assim como as benesses de um ser que se abriu à transformação e que pode atuar como um Espelho de Luz para a humanidade. Afinal, estamos aqui para permitir que o Infinito flua.

“Vela, pois, pela união. Antecipa o advento da Terra futura, renascida. No tempo vindouro todos os povos se tornarão uma só civilização; todos os países, uma só nação; todas as línguas, um só idioma; todas as filosofias, um só pensamento; todas as religiões, um só movimento de ascensão interior; todos os fragmentos, uma só vida”
(José Trigueirinho)

Referência para leitura: História Escrita nos Espelhos (Princípios de Comunicação Cósmica). José Trigueirinho. Ed. Pensamento.

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