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Uma vez perguntaram a Ramana Maharshi, o iluminado sábio indiano, para onde ele iria após a sua morte. Ele respondeu prontamente que iria para o lugar onde sempre esteve, numa clara alusão de que podemos viver em múltiplos planos de consciência simultaneamente.

Tenho a impressão de que é plenamente possível a autorrealização do Ser, caso tenhamos uma aspiração ardente por isso. As vezes, sentimos alguns vislumbres, como se fossem fragmentos dessa Verdade, os quais surgem como relâmpagos. Conseguimos, assim, entender finalmente que o mistério da vida não é um problema a resolver, mas uma realidade a experimentar.

“O verdadeiro Eu não é uma ideia, mas uma experiência”
(Zen-Budismo)

Devemos, sim, perseverar para não sucumbirmos na busca, entregando-nos à lassidão, senão vamos seguir os mesmos passos daqueles prisioneiros acorrentados na Caverna de Platão, olhando as sombras projetadas à frente deles, impedindo qualquer possiblidade de vislumbrar outra visão de mundo.

Internamente, quando a alma está em paz, sentimos que podemos limpar nossas vidraças embaçadas pelas sujeiras ancestrais. Surge uma forte suspeita de que deve existir algo muito além daquelas sombras da caverna, assim como uma nova casa compatível com um padrão de consciência mais elevado.

À medida que ascendemos pelas paredes da caverna, já conseguimos ver a luz do sol, a ideia do bem pensada pelo grande filósofo grego. Um mundo novo se descortina à nossa frente.

“Quem vos deu o direito de ousar?’ Responderemos: ousamos pelo direito da evolução. Aconselhando a ousadia, Nós oferecemos o caminho mais fácil. O coração sabe a verdade desse caminho”
(Agni Yoga)

Em alguns momentos, parece que estamos presos e olhando as sombras passando à nossa frente, achando que será impossível manter contato com o mundo interior, nossa fonte de Sabedoria e Amor. Vivemos iludidos pelas formas e aprisonados pelos condicionamentos. Quantos de nós temos a crença de que precisamos desencarnar para conhecer nossa verdadeira Morada? Ao deixarmos os corpos vamos ter a paz e a liberdade que almejamos ou podemos conhecê-las aqui e agora?

“A liberdade está disponível, mas não é gratuita. Há que pagar o preço da reforma interior”

O fato é que vivemos pela eternidade da vida e somos a própria manifestação da Criação, essências divinas, seres atemporais e sem forma. Se nos definirmos como um pobre “eu pessoal”, certamente vamos nos sentir encarcerados pela forma humana, vitimizados, limitados pelas fronteiras e súcubos das resistências da personalidade.

Contudo, se temos a plena convicção da afirmativa “Vois sois Deuses e filhos do Altíssimo”, nas palavras de Cristo, a ponte entre a mente e o Eu Superior pode ser construída (ou reconhecida) e, assim, atuaremos na vida com a dignidade do ser espiritual que já somos. Paul Brunton nos fala sobre o grande paradoxo, referindo-se à busca da divindade dentro de nós: “procuramos por algo que nos segue onde quer que iremos, que não podemos perder, que não podemos adquirir, pois já nos pertence”

Assim como o céu e o inferno estão dentro de nós, nossa verdadeira casa é aquela que corresponde ao nosso nível de consciência, não se encontra em um futuro imaginado, mas aqui e agora. Assim como o planeta passa por ciclos de evolução, todos nós estamos passando pelas dores do parto do novo ser, o qual habitará o lar correspondente à sua consciência ampliada.

Só o presente pode nos libertar do passado e a chave é acessar o poder do Agora. Essa profunda transformação da consciência humana não é uma possibilidade distante no futuro, ela está disponível neste momento, não importa quem você seja ou onde esteja.
(Eckhart Tolle)

Podemos ser felizes neste momento, viver na paz e na abundância do espírito, usufruir das benesses de um ser que se transformou por dentro e que agora sente uma profunda gratidão por tudo. Alguns questionamentos vêm à mente:

– Ir ou voltar para/de onde? Esperar pelo quê? Vamos ser felizes na próxima encarnação ou vamos aspirar profundamente pela saída desse infindável samsara? A verdadeira paz está restrita somente àqueles que atingiram o nirvana? Somos uma unidade em Deus ou seres fragmentados pela ilusão das formas?

Aqui e agora é a nossa Morada Celestial. Apesar do abismo gigantesco entre o potencial divino e aquilo que expressamos no cotidiano da vida, já podemos sentir os aromas da bem aventurança, o cheiro da terra molhada após as tempestades, o surgimento de uma nova era de prosperidade. E isso traz uma enorme alegria e serenidade.

A semente já contém a árvore em potencial, mas é preciso que ela permita que a casca se rompa para que o broto surja. Assim é conosco: podemos pautar nossa vida com o viés das limitações dos corpos, ou podemos agir como apóstolos de um novo tempo e habitar a “Casa do Senhor” continuamente, independente das vestimentas que estivermos usando.

Estamos num tempo de muito sofrimento, contudo uma era promissora para a reforma íntima do Ser. Temos que prestar atenção às sementes de uma nova consciência que estão brotando no nosso interior, silenciosamente, e não no barulho das árvores que caem.

Essa reforma se assemelha ao carvão, o qual precisa ser submetido a elevadas temperaturas e pressão para que o diamante possa ser produzido. O grande mistério é que Aquele que nos criou é a própria fornalha que arde sem cessar: está dentro de nós e somos Ele ao mesmo tempo. Isso é a própria Unidade manifestada, a qual cura toda a ilusão da separatividade e derruba as fronteiras que segregam. Afinal, somos cidadãos do universo, seres cósmicos.

Na nossa mente existem dois “eus” separados, bem como a ilusão de uma casa à nossa espera. Nós somos Um com Ele e já estamos em casa; precisamos somente reconhecer o que já é. Não é uma questão de crença, nem de construção ou desconstrução de algo, mas de reconhecimento do que somos em essência, a Verdade por detrás das aparências. A quietude e o silêncio desvendam esse mistério.

 “O Ser é seu verdadeiro lar. Corpo e mente assumiram uma jornada, mas o verdadeiro lar é seu próprio Coração. É infinito e, portanto, onde quer que você vá você estará sempre em casa”
(Mooji)

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