Claude Debussy – Claire de Lune

Artigo extraído do livro A Guerra da Arte, de Steven Pressfield. O autor fala do medo em relação às nossas resistências, à realização daquilo que a vida programou para nós, sobre o medo de expressar no mundo a verdadeira vocação da alma.

O livro aborda fundamentalmente a questão das resistências internas, sobre os incontáveis programas mentais que nos afasta do nosso núcleo primordial, do nosso Ser Interno. São barreiras que postergam sonhos e impedem, muitas vezes, que levemos uma vida inteiramente renovada, vivida em toda sua plenitude, impedindo também que conheçamos a real alegria e a verdadeira paz.

Todos nós passamos por momentos de muitas dúvidas, preso às correntes do condicionamento humano, com medo de fazer algo diferente, fora dos padrões; com medo de manifestar a vontade daquela voz interna que fala nos momentos de quietude, no silêncio profundo do ser.

As Resistências e o Medo

“A Resistência se alimenta do medo. Nós experimentamos a Resistência quando sentimos medo. Mas medo de quê?

Medo das consequências de seguir nosso coração. Medo da falência, medo da pobreza, medo da insolvência. Medo de nos humilharmos quando tentamos vencer por nós mesmos e de nos humilharmos quando desistimos e voltamos de joelhos para a estaca zero. Medo de sermos egoístas, de sermos péssimas esposas ou maridos infiéis; medo de não conseguir sustentar nossas famílias, de sacrificar seus sonhos pelos nossos.

Medo de trair nossos semelhantes, nossos companheiros, nossos familiares. Medo do fracasso. Medo do ridículo. Medo de desperdiçar a educação, o treinamento, o preparo pelos quais aqueles que amamos se sacrificaram tanto, pelos quais nós mesmos nos esforçamos tanto. Medo de nos lançarmos no vazio, de nos arriscarmos longe demais lá fora; medo de ultrapassar o ponto de onde não há mais volta, depois do qual não podemos renunciar, não podemos voltar atrás, não podemos cancelar, mas com cuja arrogante escolha temos que conviver para o resto de nossas vidas. Medo da loucura. Medo da insanidade. Medo da morte.

São todos medos sérios. Mas não são o medo real. Não o Grande Medo, a Mãe de Todos os Medos, que está tão perto de nós que mesmo quando o verbalizamos, não acreditamos nele.

Medo de que sejamos bem-sucedidos.

De que possamos acessar as forças que secretamente sabemos que possuímos.

De que possamos nos tornar a pessoa que sentimos em nossos corações que realmente somos.

Essa é a perspectiva mais terrível que um ser humano pode enfrentar, porque o expele, de um golpe só (ele imagina) de todas as inclusões tribais para as quais sua psique está programada e tem estado por cinquenta milhões de anos.

Tememos descobrir que somos mais do que achamos que somos. Mais do que nossos pais/filhos/professores pensam que somos. Tememos possuir realmente o talento que nossa vozinha interior sussurra que temos. Tememos realmente possuir a coragem, a perseverança, a capacidade. Tememos realmente poder manobrar nosso navio, fincar nossa bandeira, alcançar nossa Terra Prometida. Tememos porque, se for verdade, seremos afastados de tudo que conhecemos. Atravessaremos uma membrana. Seremos monstros e monstruosos.

Sabemos que, se abraçarmos nossos ideais, teremos que nos mostrar dignos deles. E isso nos apavora. O que será de nós? Perderemos nossos amigos e família, que não nos reconhecerão mais. Acabaremos sozinhos, no vazio glacial do espaço estrelado, sem nada ou ninguém a que se agarrar.

É claro, é exatamente isso que acontece. Mas o truque é o seguinte. Acabamos no espaço, mas não sozinhos. Ao contrário, somos capturados em uma insaciável, inesgotável, inexaurível fonte de sabedoria, consciência e companheirismo. Sim, perdemos amigos. Mas também encontramos amigos, em lugares onde nunca imaginamos procurar. E são amigos melhores, mais verdadeiros. E nós somos melhores e mais leais com eles.

Acredita em mim?”

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