Ele sai do galho centenas de vezes por dia; vai à procura de palha seca para construir o ninho do filhote que vai nascer. Enquanto a mãe espera seu retorno e guarda o futuro lar, ele dá um “rasante” próximo à nossa cabeça, sem olhar para trás, e sem se importar com mais nada além da meta a ser atingida. Trabalha incansavelmente pelo porvir e em louvor à vida.

Uma cena que se repetiu inúmeras vezes durante alguns dias. Qualquer palavra dita certamente seria incompleta para exprimir tanta beleza e simplicidade que a natureza, silenciosamente, não se cansa de nos ofertar. Diante do inefável, só nos restava o silêncio; a quietude surgia espontaneamente em louvor àquela cena. Trazia um inexplicável sensação de paz e eternidade.

Assim como os pássaros, também cuidamos de algumas riquezas que a vida nos deu, nossos filhos, por exemplo, confiando-nos à nobre tarefa de cuidar e de criar as condições para o desabrochar da alma e das melhores sementes de cada um deles. Sentimentos de humildade, de reverência e de gratidão logo vêm à tona, ao sentir no íntimo que existe um arquétipo divino que aproxima almas afins, une os elos de uma única corrente. Trata-se de algo muito além do que a nossa imaginação possa conceber e que a tudo governa.

A imaginação amplia-se um pouco mais e penso na família e em todos aqueles companheiros de jornada que fazem parte de um grupo de almas que caminham lado a lado conosco, nos apoiando nos momentos mais turbulentos e iluminando nossa trilha. A gratidão aparece novamente, aliada a um amor imenso pela vida, e uma sensação diferente de segurança que traz a certeza de que “está tudo bem”, apesar dos percalços, apesar do pesado carma da humanidade, apesar de qualquer coisa: tudo está sob a égide de uma ordem universal.

Esses momentos de integração e de unidade, muito embora rápidos e passageiros como um relâmpago, iluminam as sombras e deixam um rastro de luz que nos protege nos momentos de fragilidade, quando a mente começa a querer tomar as rédeas da nossa vida, e ai nos sentimos desamparados e com medo. Nessas horas, é importante lembrarmos do Dono da Carruagem (acesse o artigo aqui) e de nos coligarmos com Aquilo que nunca morre em nós, que não perece em razão do tempo e que não é limitado pelo espaço. Esse é o dissolvente do medo, nosso escudo de proteção e guia.

Os pássaros deixam mais algumas lições simbólicas, que são o serviço abnegado, o ritmo e a prontidão para servir. Lembro que muitas vezes procrastinamos tarefas e deixamos no estacionamento os projetos que viabilizariam nossos sonhos, aqueles voltados para o verdadeiro Propósito da nossa vida, para a nossa vocação essencial.

Mas sabemos que nem sempre conseguiremos ter a Graça de estar imerso naquela tarefa que dá o provimento para o nosso sustento e que também oportunize a expressão do melhor de nós mesmos. O fato é que, o que quer que estejamos fazendo, que possamos fazê-lo em louvor e em oferta a Deus, oferecendo os frutos do nosso trabalho a Ele. Se assim for, tudo o que tocarmos irá inspirar o bem dentro de nós, e suas ondas ecoarão para a humanidade.

Que assim seja!

“O caminho ao Espírito é o caminho dos puros, dos simples e dos humildes, daqueles que sabem que nada podem por si próprios e que nada de verdadeiro têm a não ser a própria Consciência. É o caminho dos que, no silêncio do recolhimento, voltam-se para o Absoluto: seja feita a Vossa Vontade!”
(José Trigueirinho – Das Lutas à Paz)

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