Notturno-Alexander-Borodin

Se pudéssemos ter a capacidade de observar o comportamento das nossas células e de todo o sistema do corpo humano funcionando de forma integrada e harmônica, poderíamos extrair lições valiosas sobre a forma de atuar na vida e ampliar a consciência. É fundamental aplicar no dia a dia o que lemos nos livros, aquelas instruções que soam como poesias e como música para os ouvidos.

A solidariedade, a compaixão, a doação de si em prol do bem comum, dentre outros, são temas que nos fascinam, contudo, em muitos casos, postergamos sua aplicação e as colocamos no “estacionamento”. Que o alinhamento da nossa personalidade com a alma possa trazer à luz o Ser que somos nas profundezas, encapsulado pela forma humana. Ampliar a consciência significa o exercício espontâneo de todos esses atributos.

Milhões de células nascem e morrem continuamente, trazendo simbolismos ligados à necessidade de nos renovarmos sempre, deixando morrer os velhos padrões para que surja a nova consciência. Observamos, também, que as células se doam sem querer saber os porquês, levando através do sangue os nutrientes necessários para que todo o sistema, seus órgãos e funções possam ser abastecidos e, assim, cumprirem seu papel nessa divina engrenagem. Assim como as plantas fazem a fotossíntese por pura entrega e cumprimento do Propósito da natureza, nossas células se doam para que o corpo humano possa estar apto, de forma a possibiltar que a alma cumpra, também, seu Propósito pela eternidade da vida.

“Dilatai a fraternidade e chegareis das aflições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade”
(Rui Barbosa)

O trabalho das células nos impõe uma profunda reflexão sobre o egoísmo, sobre a colaboração e doação de si mesmo em função do outro. Nos remete à máxima de que “servir é a vocação da nossa alma”; se o conjunto não estiver harmonizado, isso acaba afetando a todos de forma individual. Temos que levar em conta que somos seres do mesmo Ser, somos um só corpo-humanidade, uma lasca que saiu do mesmo tronco de toda a Vida manifestada.

Quando praticamos o altruísmo e a generosidade, além de estarmos aderentes ao padrão celular, estamos ajudando a nós mesmos, segundo o princípio da unidade. Mas não se trata de servir e ajudar visando interesses e recompensas, mas em fazer o bem pelo amor ao bem, e não pela gratidão dos outros ou para quaisquer outros fins. O bem verdadeiro, aquele que vem do profundo da alma, sem vínculos com desejos mentais, se expressa por si mesmo; surge como algo imperativo trazido pelo impulso criador que nos anima. Assim, o Amor e a Verdade que carregamos dentro de nós acabam se manifestando no dia a dia.

“Não basta refrear o mal; é preciso ser ativo no bem”
 (Krishnamurti)

Por isso temos que ter muito cuidado e atenção aos nossos pensamentos, sentimentos e ações. É fundamental estar sempre com a atenção plena, com o Observador Interno alerta, vigiando para que as tempestades mentais não afetem todo o sistema. Muito embora sejamos um só veículo de expressão da alma, contudo, parece que existe uma espécie de hierarquia, onde a mente assume o comando, seguida das emoções e do corpo físico. Por exemplo, se temos uma mente apegada e egoísta, isso atrai a possessividade, corrompendo o padrão celular, que é doação contínua. Se a mente não é controlada, um pequeno acontecimento pode afetar as emoções e, na sequência, o desempenho das células também é prejudicado.

Quando desarmonizamos sistematicamente esse microcosmo, seja pelo padrão mental, quer pelas nossas emoções, alimentação ou outro motivo, surge o câncer, que é o crescimento desproporcional da célula, a qual deixa de cumprir seu papel original. Se as células doentes entram na corrente sanguínea e se alojam num órgão ou tecido, surge a metástase, a qual provoca uma substituição das células sadias pelas células cancerosas. Se não mudarmos o padrão mental e de conduta e se não houver uma transformação da nossa consciência, a remoção das partes doentes pode ocorrer com sucesso, contudo nosso sistema poderá ser novamente corrompido e sujeito a recidivas.

“Não adianta aspirar pela cura, se não se promove uma efetiva transformação da consciência”
(José Trigueirinho)

Esse comportamento egoista que altera todo o sistema humano, também impacta gravemente a nossa sociedade. A fome, a miséria, as guerras, a corrupção, … tudo isso tem como causa primária o egoísmo, ou seja, o homem centrado em si mesmo, sem levar em conta que somos elos de uma mesma corrente chamada Vida. Assim como o sangue não circula de forma eficaz em todos os órgãos porque existem artérias entupidas, o egoísmo impede que os recursos fluam para todos, indiscriminadamente, gangrenando áreas da sociedade e trazendo todo esse desequilíbrio ao qual assitimos.

O mundo respira por aparelhos, como um organismo doente em fase terminal, com metástase. A menos que ocorra uma mudança significativa no nível de consciência do ser humano, nos tornando mais generosos e menos egoístas, vamos todos assistir pela “telinha” a nossa própria autodestruição. Entretanto, novos padrões de conduta requerem um alinhamento com a nossa alma, morada da sabedoria, da justiça, da moralidade e da generosidade. A mente precisa ser curada dos condicionamentos, padrões e pensamentos coletivos, contudo, o medicamento que cura e redime vem das profundezas do nosso próprio ser interior.

“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira”
(Leon Tolstoi)

Podemos fazer uma diferença positiva nessse sombrio contexto, através das nossas pequenas ações realizadas com grande amor; atuando como células que trabalham de forma abnegada em prol do bem geral, ajudando na cura das causas primárias do câncer social. Ações, ainda que minúsculas frente à grandiosidade do mal instalado, funcionam como células do bem, que combatem a infecção sistêmica.

Levemos sempre em conta que a aspiração sincera e ardente pela nossa própria transformação, culmina com o romper das cascas das nossas melhores sementes, e certamente, no tempo de Deus, as árvores, ainda em potencial nas sementes, produzirão os doces frutos da Sabedoria. Podemos, assim, “ajudar a empurrar a humanidade um milímetro para a frente”.

“A felicidade está em servir à salvação da alma da humanidade. Deixai todos os preconceitos e, invocando vossas forças espirituais, ajudai à humanidade. Dirige o monstruoso em direção à Beleza. Como a árvore renova suas folhas, assim os homens florescerão na senda do bem”
(Folhas do Jardim de Morya)

Referência para leitura e aprofundamento: “A vida dentro de nós”, Dr Helio Holperin, editora Pensamento.

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