Clarinete in Lá Maior – Adágio (Mozart)

Um aforismo bem antigo, de Alice Bailey, diz: “Plante um pensamento, colha uma ação; plante uma ação, colha um hábito; plante um hábito, colha um caráter; plante um caráter, colha um destino”. Tal citação nos mostra o quão importante é a qualidade dos pensamentos, os quais têm relação direta com o nosso destino.

Dixando a parte as diferentes interpretações e conceitos sobre o destino, o fato inquestionável é que podemos dar forma a nós mesmos; moldar, aqui e agora, esse ser harmonioso e compassivo que tanto almejamos. Entretanto, é necessário romper as grades do cárcere mental e deixar de ser súcubos dos nossos pensamentos, em geral polarizados na negatividade. Essa polarização influencia fortemente nossas ações e emoções, trazendo danos significativos para todo o corpo humano.

Mas como não sucumbir aos pensamentos negativos? A chave é “observá-los”, simplesmente, sem identificações e julgamentos. Se nos posicionamos “acima” deles, perdem o peso e a capacidade de nos desestabilizar. É fundamental estar vigilante todo o tempo, pois os pensamentos negativos também promovem um desencorajamento na busca espiritual e atravancam o processo evolutivo.

De forma autônoma e automática, ocorre um processo biológico essencial para a manutenção da vida e do funcionamento de todo o sistema orgânico. Nossas células promovem uma permanente autofagia, degradando e eliminando componentes celulares danificados. Assim, uma contínua renovação é realizada, garantindo o equilíbrio, a saúde e a estabilidade sistêmica.

Analogamente, podemos fazer uma autofagia consciente, jogando no lixo tudo aquilo que confirma o que deve ser transcendido, como apegos, desejos mentais, conceitos, preocupações, expectativas com o futuro, culpas, ressentimentos, medos, dentre outros. Tudo isso são como organelas celulares danificadas que precisam ser varridas da nossa consciência, de forma que possamos construir o homem novo, aderente à nova humanidade que se plasma nos planos internos da vida, invisível aos olhos, mas sentida pelo Coração.

Assim como o jejum associado a algumas condições nutricionais podem otimizar o processo de renovação celular, podemos promover uma autofagia mental consciente, mesmo em meio à aridez do deserto e frente às provas desafiadoras. Precisamos, contudo:

  • Vigiar pensamentos, sentimentos e ações, alinhando-os ao Eu Superior.
  • Fazer silêncio, que não é o mesmo que mutismo, mas a expressão do ser movido pelo impulso interior.
  • Entregar tudo Àquele que a tudo sabe e a tudo vê. Essa atitude traz a energia da devoção, e com ela reforçamos a fé.
  • Praticar o desapego: de ideias, do passado, de conceitos, de posições sociais, de conhecimentos e de tudo aquilo que reforça o que deve ser transcendido. Devemos estar esvaziado de nós mesmos, como uma folha de papel em branco, de forma que a Vida escreva o que devemos manifestar a cada momento.
  • Aspirar a servir de forma abnegada e incondicional. Deixar fluir os dons do espírito em prol do bem geral, glorificando sempre Aquele que nos criou.

O fato é que a revisão constante de conceitos, ações, posturas, sentimentos e pensamentos é chave para a saúde física, emocional e mental. Fazer autofagia requer sacrifício, coragem e uma perseverança sem limites.

Os benefícios para o equilíbrio do ser são evidentes, contudo, a autofagia se impõe por si mesma, não movida por desejos mentais visando auto-recompensa, mas pela profunda aspiração interna de realizar a vontade da alma.

“Atenta para as sutilezas que não se dão em palavras. Compreende o que não se deixa capturar pelo entendimento” (Rumi)

Leituras complementares:

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