Batalhamos incessantemente para transcendermos a nós mesmos, uma tarefa complexa que requer coragem, desapego e muita vontade para aderirmos Àquilo que emana do nosso interior. Migrar de uma consciência polarizada no ego para atender aos apelos da alma, incondicionalmente, demanda persistência e fé em algo que transcende a lógica mental e que “pede passagem” para se manifestar.
Parece paradoxal, mas à medida que arregaçamos as mangas para aparar as arestas da personalidade e purificar o caráter, mais vamos tendo consciência de que os esforços prioritários de transformação devem se concentrar na busca pela Luz do Ser. Esse caminhar é mais breve e eficaz, pois a luz nos tira instantaneamente da escuridão e remove as não conformidades do eu pessoal. Traz consigo a energia purificadora que anuncia um novo modo de viver, sob novas leis e padrões de conduta.
Tudo se apresenta de forma concomitante. Esforçar-se para a própria reforma íntima e a busca pela Luz são ações que mutuamente se complementam, contudo, o mergulho no interior, o silêncio e a quietude abrem fendas por onde a Luz atravessa e cauteriza as feridas causadas por anos a fio de condicionamento individual e coletivo.
Se estivermos todo o tempo com o “Observador” em alerta, vamos conhecer o que é a plenitude, esse sentimento de unidade com o pulsar da vida, o qual traz um estado de paz sem causa. Esse estado aguça a percepção e traz consigo a aceitação, sem resistência, de tudo aquilo que nos chega. Quando olharmos para o passado com os olhos do Coração, perceberemos que tudo o que nos ocorreu foi obra do Sagrado.
Essa ponte mente-coração pode ser feita, e não se trata de algo tantalizante(*1) reservada aos eleitos. Tudo, absolutamente tudo, é possível àquele que aspira por Àquilo que subjaz às aparências, que está muito além da nossa capacidade mental, mas que pode se sentido pelo Coração. Levemos em conta de que “o Vento sopra onde quer”. De repente, a Graça nos brinda com pequenos vislumbres, os quais promovem o acesso a um nível de consciência mais elevado do nosso próprio ser.
Às vezes, uma brisa leve anuncia os Ventos do Espírito, contudo, precisamos estar em quietude para perceber as benesses do mundo espiritual. O silêncio traz a fé, a devoção e tudo o que precisamos para fluir com a Vida, sem medo, sem resistências e em louvor à Criação.
“O fruto do silêncio é a fé, o fruto da fé é a prece, o fruto da prece é o amor, o fruto do amor é o serviço e o fruto do serviço é o silêncio.”
(Madre Teresa de Calcutá)
(*1) Tantalizante. Refere-se a Tântalo, rei de Frígia, a quem foi imposto um severo castigo: prisioneiro em um local abundante de água e de frutos, à medida que se aproximava para saciar a sede e a fome, a água e os frutos se afastavam dele.
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Sim, sempre em alerta! E deixar o “Observador” nos guiar e assinalar qunado estamos ultrapassando o “farol vermelho”. Nem sempre, ou melhor, quase nunca é fácil mas não podemos desisitir jamais.
Amém