Somewhere-In-Time-Complete-Soundtrack

Trata-se de uma reflexão baseada nos ensinamentos de Paul Brunton, extraídos do livro “Meditações para pessoas em crise” (textos em itálico), Editora Pensamento. O autor nos fala que a análise dos fatos e situações da vida sob a ótica mental, tão somente, nos impede que tenhamos uma atitude filosófica, uma visão mais ampliada dos acontecimentos. Como disse Helena Blavatsky:

“… Não te queixes; aquelas coisas que parecem ser obstáculos e sofrimentos muitas vezes são, em realidade, os misteriosos esforços da natureza para te ajudar em tua obra …”

O ideal é que possamos estar diante do que nos ocorre, analisando os fatos sob diferentes abordagens: do ponto de vista comum, o acontecimento poderá ser bom ou mau, mas sob o ponto de vista filosófico, a maneira como pensamos a respeito do mesmo fato determinará se ele é bom ou mau para nós. Deveríamos, contudo, ver tudo de forma impessoal, entrando em harmonia com aquilo que a vida está tentando nos ensinar através das provas e situações mais complexas, deixando de lado o ponto de vista do ego humano, o qual está escravizado pelo conceito de tempo, pelos condicionamentos mentais e pelas emoções.

“Um acontecimento que para uma pessoa comum parece extremamente importante e negativo no momento em que ocorre, diminui cada vez mais de importância à medida que os anos passam, tornando-se, consequentemente, cada vez menos doloroso… Diz-se que o tempo cura todas as feridas; se buscarmos a razão disso, descobriremos que é pelo fato de ele fornecer uma perspectiva mais filosófica ao sofrimento”.

“O gosto pela água em uma jarra tornar-se-á extremamente doce se nela colocarmos uma xícara cheia de açúcar; o gosto da água em um balde, com a mesma quantidade de açúcar, ficará apenas moderadamente doce; se for colocado em uma banheira, o gosto se alterará apenas levemente; em um lago, o gosto aparentemente não se modificará. Exatamente assim, a série de acontecimentos que produz a sensação de tempo na consciência humana dilui gradualmente a dor que cada acontecimento pode nos trazer”.

“Todavia, ao estudante não agrada aguardar o resultado de um processo tão longo a fim de reduzir seu sofrimento. Ao adotar a atitude filosófica para suportar cada acontecimento, se e quando ocorrer, você imediatamente diminuirá seu sofrimento e revigorará sua paz. Cada adversidade, vista sob esse aspecto, torna-se um meio pelo qual você pode alcançar, se quiser, um nível mais elevado de compreensão, uma forma mais pura de ser. O que você pensa a respeito disso, o que você aprende com isso será o seu verdadeiro legado”.

“Uma pessoa que ainda não despertou, ao passar pelo sofrimento pode negar isso. No cárcere mental, que a faz ver o presente como realidade e a excluir o passado dessa realidade, ela não encontra nenhuma utilidade no sofrimento; porém, quer pelo tempo, quer pela filosofia, todos serão um dia conduzidos ao ponto de vista no qual seu significado será revelado e a necessidade da existência dele será compreendida”.

“Isso, na verdade, é um dos maiores paradoxos do desenvolvimento humano: que o sofrimento conduz o indivíduo, passo a passo, do falso eu para a aceitação do verdadeiro eu e que o verdadeiro eu o conduz, passo a passo, à aceitação do sofrimento”.

No entanto, Paul Brunton nos diz que o sábio, ou seja, aquele ser humano que já transcendeu as questões pessoais e está em sintonia total com o ser interno, percebe que o conceito de tempo é irreal e que tudo está no eterno presente. Assim como as feridas e os sofrimentos, sob o ponto de vista elevado, são ilusórios. Para tornar mais claro essa questão, em uma entrevista perguntaram ao sábio indiano Ramana Maharshi para onde ele iria depois da sua morte; ele respondeu: “irei para onde sempre estive”. É sobre esse estado de despertar que estamos nos referindo. E Paul Brunton prossegue:

“…Quanto antes conseguimos perceber isso, mais depressa conseguiremos tornar o sofrimento indolor, pois o falso eu vive como um escravo atado a cada sensação fugaz, enquanto o verdadeiro eu vive na paz intemporal do Reino do Céu. Há, assim, uma sensação de absoluta segurança, um sentimento de que nenhum mal pode nos advir”.

Você sabe que cada experiência que lhe chega é aquilo que você mais necessita no momento, mesmo que seja o que mais lhe desagrada. Você necessita dela porque, em parte, ela nada mais é do que seus próprios pensamentos, sentimentos e atos passados que retornam para permitir que você veja e estude suas consequências de uma forma simples, concreta e não passível de erro. Você utiliza cada situação para alcançar seus objetivos finais, mesmo que venha a atrapalhar seus objetivos imediatos”.

“Tal serenidade diante da adversidade não deve ser confundida com fatalismo ou aceitação passiva de cada acontecimento desfavorável como sendo a vontade de Deus, pois embora você procure compreender a razão pela qual isso lhe aconteceu e assimilar a lição nela contida, você também procurará aprender a lidar com o próprio acontecimento e não se contentará em suportá-lo passivamente”.

“Não há como errar, pois você sabe também que, quer seja um sucesso ou uma alegria, a experiência o tornará melhor, mais sábio, mais forte do que antes, e mais preparado para o próximo acontecimento. O estudante compreende que a sabedoria advirá de um grande número de experiências, e não a falta delas, e que não adianta esquivar-se das lutas do mundo, pois é principalmente por meio delas que se pode fazer vir à tona os recursos latentes de cada um”.

“A verdade e o amor acabarão por vencer no final – não importa quanto isso possa demorar – pois ambos estão profundamente encerrados no coração de todos os seres e serão pouco a pouco revelados por meio dos ensinamentos que a própria vida traz. Devemos adquirir algo da paciência de Deus”.

Veja toda a obra do autor no site em Português Acesse aqui.

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