Segue uma breve reflexão sobre o Amor, baseada nos escritos de Mirra Alfassa – A Mãe (1878-1973).

Sinto que em todos nós há uma pressão interna no sentido da compreensão de como podemos amar incondicionalmente aos nossos semelhantes e à vida de uma maneira geral. Assim como o perdão, a vivência de um amor mais elevado e puro passa, inexoravelmente, pela ação da Graça, que nos traz a percepção da unidade e nos coliga com os níveis mais elevados e profundos do nosso ser.

No seu livro “A Mãe – Conversas”, ela nos mostra com rara beleza e lucidez as diferenças entre o amor humano e o Amor Divino, algumas delas registradas ao longo desta reflexão. “A Mãe” é um daqueles seres especiais que fazem um furo no teto da consciência e limpam os condicionamentos que encobrem nossa Luz; é também aquele ser que abre uma pequeníssima fresta da janela de um quarto escuro, mas cuja luminosidade é suficiente para nos tirar da escuridão e nos curar da ilusão de que somos apenas um corpo, um ego, separado do corpo-humanidade.

“O movimento do amor não é limitado aos seres humanos e é talvez menos distorcido em outros mundos. Olhe para as flores e árvores. Quando o sol se põe e tudo se torna silencioso, sente-se por um momento e coloque-se em comunhão com a natureza: você sentirá, subindo da terra, debaixo das raízes das árvores, ascendendo e caminhando através de suas fibras até os mais altos galhos espalhados, a aspiração de um amor intenso e saudade, uma saudade de algo que traz luz e dá felicidade, pela luz que se foi e que gostaria de ter de volta.

Há um anseio tão puro e intenso que se você puder sentir os movimentos nas árvores, seu próprio ser também se elevará numa prece ardente pela paz, luz e amor que ainda não são manifestados aqui. Se você entrar em contato com este verdadeiro amor, vasto e puro, se você o tiver sentido mesmo por um momento e na sua forma ínfima, tomará consciência da coisa abjeta na qual o desejo humano se transformou.

Tornou-se, na natureza humana, algo baixo, brutal, egoísta e violento, feio, ou então, algo fraco e sentimental, formado de sentimentos mesquinhos, frágeis, superficiais e exigentes. E a esta torpeza e brutalidade ou a esta fraqueza egoística, chamam-na de amor!”
(A Mãe)

Por mais que estejamos distanciados desta comunhão, por mais que as nossas ações e sentimentos no dia a dia estejam aquém da essência desse Amor, mesmo assim, devemos ter presente que nossa Luz, nosso Ser Interno, nosso Eu Superior, ou outro nome que optarmos para designar a expressão do Amor que existe dentro de nós, está presente aqui e agora, em todos os seres e no universo. Segundo “A Mãe”, o Amor Divino se constitui na energia que sustém a vida, aquilo que une as contas do colar e traz a perspectiva da Unidade entre tudo o que é manifestado.

Creio que podemos experimentar, mesmo que breves momentos, esse sentimento que flui do cosmos para todos, indistintamente. Essa experiência nos traz a sensação de estarmos envolvidos por esse Amor e isso deixa-nos em completa harmonia e paz. Assim, as condições e limites impostos pelo ser humano caem por terra e o verdadeiro amor de Deus se faz presente: incondicional, puro, que não exige e não cobra, que não impõe regras ou rótulos, que compreende e aceita, que não julga ou critica, que não negocia, que é pura doação e que aceita com reverência e gratidão tudo aquilo que a vida reservou para nós.

“Há alguma coisa para a qual vale a pena acordar, para qual vale a pena viver; é o Amor. E com o despertar do amor, entrou no mundo a possibilidade de retornar ao Divino e, em resposta, o Amor Divino e a Graça se inclinam para baixo, para encontrar a criação”
(A Mãe)

O Amor, assim concebido, revela profundamente a impessoalidade e a fraternidade no contato com os semelhantes, contudo, é necessário buscá-lo dentro de nós e não fora. A respeito desta sagrada união entre seres, ela revelou:

“Numa história de amor humano, onde quer que tenha entrado pelo menos um átomo de amor puro, e tenha sido permitido manifestar-se sem muita distorção, encontramos algo bonito e verdadeiro. E se o movimento não perdura, é porque ele não é consciente de sua própria finalidade, não tem o conhecimento de que não é a união de um ser com o outro que está procurando, mas a união de todos os seres com o Divino.”
(A Mãe)

Com a expressão do Amor, podemos compreender um pouco melhor os ensinamentos e leis universais deixadas por Cristo, como: “Amai-vos uns aos outros” e “Ama ao próximo como a ti mesmo”. Aplicar estas leis seria como o semear de flores perfumadas num jardim de ervas daninhas, como disseminar a abundância num solo árido onde a fome se faz presente, como um derramar de luz e esperança nos corações amargurados pela dor e pelo sofrimento, como uma fonte de água pura que sacia a sede. A sensação é de que tudo isso só pode ser entendido e aplicado, efetivamente, com a percepção da unidade da vida.

“A princípio amamos apenas quando somos amados. Depois, amamos espontaneamente, mas queremos ser amados em troca. Então, amamos, mesmo se não formos amados, porém queremos ainda que o nosso amor seja aceito. E, finalmente, amamos pura e simplesmente, sem qualquer outra necessidade ou alegria que a de amar”
(A Mãe
)
 

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