Música: Comunidade-Luz Figueira

Texto extraído do livro: “Terapêuticas para a Regeneração Celular”
Autor: Dr. José Maria Campos (Clemente)

Além de prover melhor nutrição substancial e vital das células cerebrais o cérebro consome aproximadamente 25% de todo o oxigênio do sangue! – e das demais células do organismo, a correta respiração influencia de modo decisivo o contato do ser com os impulsos da alma.

Em geral, a respiração é usada de uma maneira que limita sua capacidade de suprir o sangue com o elemento vida. Tanto do ponto de vista fisiológico quanto do espiritual, é importante aperfeiçoar o ato de respirar. Para o contato com planos de consciência superiores, é decisivo, também, buscar a serenidade.

A respiração está na base da vida. Por ela o corpo físico absorve energia vital. Ao inspirar, ele se nutre de oxigênio e de elementos imponderáveis; ao expirar, expele gás carbônico e outros elementos inadequados ao ser. Com o movimento de inspiração e expiração, uma corrente luminosa se forma e o permeia.

Controlada pelo sistema nervoso central, a respiração pode, em parte, realizar-se voluntariamente. Os movimentos respiratórios utilizam o diafragma (músculo localizado na base da caixa torácica), os músculos retos abdominais, os intercostais (que interligam as costelas) e certos músculos acessórios apicais. Na inspiração, o abdômen se eleva e puxa consigo o diafragma. O diafragma movimenta os pulmões, que, ao se expandirem, forçam a entrada de ar pelas narinas. Na expiração o diafragma se relaxa, os pulmões se encolhem, e o ar é expulso.

Três fases compõem o ciclo respiratório pleno: a diafragmática ou abdominal, a intercostal e a apical. Em geral, usamos apenas parte da nossa capacidade respiratória. Os exercícios descritos a seguir ajudam-nos a empregá-la de maneira mais completa.

Observações quanto aos exercícios respiratórios

– Recomendam-se duas sessões diárias: uma ao amanhecer e outra ao anoitecer. Nas primeiras semanas, fazer apenas três respirações por sesão. Nas semanas seguintes, acrescentar uma respiração a cada dia, até completar o número de sete respirações por sessão.

– Manter atitude mental positiva, perseverança e ritmo a cada passo. Os movimentos devem ser feitos com suavidade e moderação. A coluna vertebral deve estar bem alinhada.

– Os movimentos de inspiração e expiração devem ser contínuos, silenciosos e suaves, de modo que permitam o relaxamento do diafragma e dos demais músculos respiratórios, bem como de todo o corpo. Evitar atos bruscos.

– Se alguma dor surgir, interromper o exercício e repousar. O repouso é suficiente para sanar eventuais incômodos.

– Caso se observe excitação nervosa, interromper o exercício, relaxar e fazer respiração abdominal.

– Não se deve praticar o exercício com estômago cheio.

– Não se deve praticar o exercício quando se tem distúrbios cardiopulmonares ou stúrbios respiratórios.

– É necessário persistência para que se observem os primeiros resultados.

Preparação

– Deitar-se de costas, dobrar as pernas e apoiar os pés no chão, um pouco afastados um do outro. Manter os joelhos erguidos ao longo do exercício.

– Descansar as mãos sobre o abdômen e afrouxar todos os músculos.

– Observar a própria respiração, sem interferir nos seus movimentos. Perceber o suave e profundo ondular do ventre e a entrada e saída do ar.

– Limpar os pulmões pelo seguinte procedimento:

  • Provocar uma pequena tosse para expulsar o ar;
  • Ao se sentir impulsionado a inspirar, soltar o abdômen e deixar que o ar penetre pelas narinas.

Exercício

Inicialmente, realizar apenas a primeira fase, que nos primeiros dias não deve durar mais que 3 minutos. Aumentar o tempo a cada dia, até atingir sete minutos. Exercitar bem essa fase, com essa duração, por várias semanas. Só depois se deve passar à segunda e à terceira fase nas sessões diárias.

Primeira fase: respiração diafragmática ou abdominal

1. Respirar, encolhendo o abdômen; o diafragma será automaticamente pressionado para cima, em direção à caixa torácica;

2. Relaxar o abdômen e esperar que o corpo dê o impulso para a inspiração;

3. Inspirar, expandindo o abdômen; esse movimento conduzirá o diafragma para baixo.

Segunda fase: respiração intercostal

1. Expirar, encolhendo o abdômen; o diafragma será automaticamente pressionado para cima, em direção à caixa torácica;

2. Relaxar o abdômen e esperar que o corpo dê o impulso para a inspiração;

3. Inspirar, expandindo o abdômen; esse movimento conduzirá o diafragma para baixo.

4. Depois do movimento de expansão abdominal, alargar voluntariamente o tórax; colocar as mãos sobre as costelas para sentir o alargamento e estimulá-lo;

5. Expirar, encolhendo tórax e abdômen, nessa sequência.

Terceira fase: respiração apical

1. Expirar, encolhendo o abdômen; o diafragma será automaticamente pressionado para cima, em direção à caixa torácica;

2. Relaxar o abdômen e esperar que o corpo dê o impulso para a inspiração;

3. Inspirar, expandindo o abdômen; esse movimento conduzirá o diafragma para baixo.

4. Depois do movimento de expansão abdominal, alargar voluntariamente o tórax; colocar as mãos sobre as costelas para sentir o alargamento e estimulá-lo;

5. Depois do movimento de expansão do tórax, erguer suavemente os ombros e permitir que o ar entre também no alto dos pulmões;

6. Expirar: soltar a pressão interna do alto dos pulmões; em seguida, soltar a pressão da lateral da caixa torácica e, finalmente, a do abdômen;

7. Respirar outras vezes, integrando as três fases num movimento contínuo, rítmico e harmonioso;

8. Descansar, deixando-se permear pela corrente luminosa da energia vital.

Para desenvolver a serenidade

A atitude interna para o cultivo da serenidade abrange os três aspectos de nossa personalidade: o mental, que deve estar voltado para a união com áreas mais elevadas da consciência; o emocional, que deve desejar essa união acima de qualquer coisa; o físico-etérico, que deve seguir um ritmo organizado no tempo e no espaço.

Sem essa atitude interna, de nada adiantam exercícios. Entretanto, apoiados nela, muito podem facilitar o contato com a fonte de serenidade que existe dentro de nós.

Há vários tipos de exercícios para trazer a serenidade à tona: alguns cuidam da regularização da respiração, outros usam os fatos do dia a dia para neutralizar reações.

Respiração e serenidade têm relação direta: se a respiração é irregular ou muito rápida, a serenidade não se expressa; e, sem serenidade, não se consegue respirar com calma e regularidade. A respiração, portanto, faz parte da pessoa; não é algo mecânico nem separado do seu estado geral.

O número ideal de respirações para quem está buscando a serenidade é de 7 a 10 por minuto. As pessoas, que em geral não são serenas, costumam respirar de 14 a 20 vezes por minuto. Faz-se necessário, portanto, reduzir seu número. Mas, quando se tenta essa redução artificialmente, isto é, iso- lada do trabalho educativo no caráter, podem-se provocar efeitos colaterais indesejáveis, tais como auto-hipnose, transe, absorção de forças astrais, entre outros.

Os exercícios para desaceleração do ritmo respiratório precisam estar incluídos em um trabalho maior: o cultivo da simples aspiração à própria transformação, sem ambições. Devem ser feitos por etapas e sem preocupação com resultados. Se realizados com o propósito correto, ou seja, em busca da serenidade espiritual, é bom ter presente que resultados não são o mais importante. Não conta para o Espírito se a pessoa chega ou não a respirar 7 vezes por minuto, mas sim sua decisão, empenho, perseverança e, sobretudo, pureza de propósito.

O primeiro exercício, descrito a seguir, não é indicado para quem tenha enfermidades cardíacas nem enfermidades respiratórias. O tempo máximo recomendável para realizá-lo são 5 minutos. Se causar desconforto, cansaço ou irritação, deve ser interrompido. Pode ser feito duas vezes ao dia, desde que se respeite um intervalo mínimo de 12 horas entre eles. Como exige concentração e atenção, não se deve executá-lo cansado, sonolento nem com o corpo ocupado com a digestão.

Primeiro exercício

– Sentar-se em posição confortável, com a coluna ereta, e fechar os olhos. Observar a respiração, procurando não interferir nela. Verificar quantas respirações são feitas por minuto.

– Expelir todo o ar do pulmão em quatro exalações.

– Com o pulmão vazio, reter a respiração por 2 ou 3 segundos.

– Inalar.

– Com o pulmão cheio, reter a respiração por 2 ou 3 segundos.

– Repetir toda a sequência, por no máximo 5 minutos.

Observações:

– Quando o praticante vive em abstinência sexual autêntica, isto é, quando a castidade é natural em sua vida e não advinda de repressões, os tempos de retenção da respiração podem ser aumentados para 5 segundos.

– O exercício descrito tem efeitos importantes para a integração da personalidade em níveis superiores de consciência. No intervalo entre a inspiração e a expiração, a alma se expande e pode imprimir o que for necessário na mente. No intervalo entre a expiração e uma nova inspiração, a mente pode transmitir essa impressão ao cérebro físico.

– A redução do ritmo de respirações para 7 por minuto pode efetivar-se em pouco mais de um mês, sem prejuízo para o corpo físico, em pessoas já empenhadas na educação do caráter. Entretanto, gostaríamos de repetir que não deve haver preocupação quanto a resultados.

– Nem todas as pessoas têm disposição para realizar esse exercício. Se for sentido como forçado, se não fluir naturalmente, é melhor não fazê-lo. Outra possibilidade é a de a pessoa constatar que já respira 7 vezes por minuto e, portanto, não necessitar de desacelerar o ritmo. Para quem já tenha chegado a 7 respirações por minuto naturalmente ou por meio desse primeiro exercício, há um segundo, para aprofundamento.

Segundo exercício

– Identificar-se com os aspectos mais elevados do próprio ser (com a alma, com o espírito, ou com o ponto mais alto que a consciência possa enfocar).

– Observar a própria respiração.

– Quando inalar, imaginar que energias luminosas, forças de cura e de serenidade, forças universais, penetram o próprio corpo com o ar puro.

– Quando exalar, imaginar que a inércia e as condições doentias do corpo são eliminadas junto com o ar expelido.

– A seguir, imaginar que a vitalização e regeneração experimentadas após esse exercício são absorvidas no centro da consciência. Enquanto isso, ter presente a unidade de todos os elementos do exercício: inspiração, expiração, personalidade, consciência superior.

– Confirmar se foi mantida a polarização nos níveis mais elevados do próprio ser.

Observação:

– Esse exercício também deve ter duração máxima de 5 minutos; prolongá-lo poderia ocasionar estimulação excessiva, o que não seria benéfico.

Exercício na vida diária

Outro exercício, que pode ser feito no dia a dia e que na busca da serenidade leva a pessoa ao mesmo efeito desses dois respiratórios descritos, é o de acolher qualquer fato ou acontecimento inesperado com naturalidade e neutralidade. Embora pareça simples, chega a ser para muitos um desafio.

Quando esse exercício é feito repetidas vezes e na vida diária há uma série de situações propícias a serenidade vai-se instalando. Também, o ritmo da respiração vai-se reduzindo sem que se tenha enfocado a atenção nele.

Todas essas recomendações devem ser acolhidas tendo em vista a própria transformação e a expressão da serenidade já existente em potencial nos níveis internos do ser. Não levam a pessoa a uma atitude passiva ou inerte, mas a um trabalho dinâmico.

Ouça a partilha de José Trigueirinho sobre o tema: “Que nada nos abale”. Gravada em set/1986. Fonte: Irdin Editora.

Que nada nos abale – José Trigueirinho

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