Sonhos de Amor – Liszt

Apesar do que esteja acontecendo, apesar dos nossos pensamentos ulteriores a respeito da vida, apesar de estarmos conscientes ou não do nosso Propósito, apesar das dores, dos medos, apesar de qualquer coisa, a Luz Prossegue. A verdadeira Vida tem início quando a acolhemos e nos deixamos ser conduzidos por Ela, a divindade que subjaz às aparências.

A Luz é aquilo que permanece ao longo da eternidade, que não nasce nem morre, que não tem forma e que transcende a ilusão do tempo. Tudo passa: alegrias, tristezas, prazeres, desgostos, ideias e conceitos. Permanece o Ser Imortal, aquele que testemunha todas as aparências, e que é a fonte de Vida.

Quando o eu pessoal se une à Luz, a unidade com todos os seres se dá, pois é a mesma centelha de vida presente em cada criatura, em cada espécie da natureza, de todos os reinos. Assim como o vento que não vemos, como a marés e as correntezas ocultas nas profundezas dos oceanos, algo transcendental nos anima e une todas as contas do colar. A mente não consegue compreender: se perde nos conceitos, na lógica e na dedução. Mas o Coração sabe: sente o Impulso Criador.

Diz um ditado na Índia: “Se um espinho entra no seu pé, você deve usar um segundo espinho para remover o primeiro, e depois você joga os dois fora”. Parece que vários espinhos entraram no nosso pé: apegos, ressentimentos, medos, desejos, culpas, … Precisamos encontrar um único espinho: a nossa Essência. Ele removerá todos os demais, derrubará os muros que obscurecem a visão e impedem que a Sabedoria se expresse.

Nossa verdadeira meta está ligada ao resgate dessa Pureza original, desse estado imaculado percebido ao nascermos e durante a nossa infância, quando estávamos sob uma aura de bondade e simplicidade, preservados dos condicionamentos. Esse estado ainda está lá, imutável; podemos acessá-lo, nos curar do feitiço das ilusões e voltar a ser expressão dessa Pureza.

A intenção sincera por esse alinhamento, motivada pela aspiração ardente de querer se transformar, traz a bem-aventurança, a serenidade e a verdadeira paz. E certamente iremos conhecer o que é a Entrega e o que significa navegar por mares bravios e desconhecidos, na fé de que o leme da barca será conduzido pelo espírito. O que poderia ser mais auspicioso do que esse despertar da consciência para a vida espiritual?

Que o fogo do espírito nos queime por dentro, sem deixar resíduos. E realmente não importa se a nossa lenha esteja verde ou seca; a Luz Maior fará do nosso instrumento uma tocha. Devemos apenas nos abrir a isso, deixando por conta da Vida o aquecimento e a combustão. A entrega, a fé e o silêncio são os fermentos que fazem crescer o bolo da Compaixão e do Serviço. Que possamos estar de prontidão para ser aquilo que o Pai quiser que sejamos.

“Sentir-se emperrado é simplesmente um pensamento em que se acredita. Remova a crença e o emperramento desaparece. Se um cômodo for mantido na escuridão por mil anos, quando a janela se abre […] levará mil anos para a escuridão desaparecer? Da mesma forma, em um instante, a luz da Verdade expulsa a escuridão da ignorância”
(Mooji)

Referência para leitura:
A Luz Prossegue
– História Escrita nos Espelhos – Trigueirinho
– Antes do Eu Sou – Mooji

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