Jesus-Alegria-dos-Homens-Johann-Sebastian-Bach

De repente, tudo parece perfeito. Do passado, só boas lembranças de uma trajetória sem espinhos; do presente, nenhuma queixa, pois tudo está correndo perfeitamente bem como nos filmes românticos natalinos. O futuro será promissor: descortina-se como um lugar esplêndido a ser vivido: um vale com água nascente e árvores frondosas que aguardam silenciosamente para saciar a sede, alimentar e proteger quem dali se aproximar.

Muitos relatos como esse trazem a ideia de uma vida serena e feliz: sucesso profissional, harmonia familiar e saúde em dia são indicadores de autorrealização plena. Mas a conversa vai tomando outros rumos e aprofundando em temas mais sutis; apesar das benesses de uma vida aparentemente “resolvida”, vem à tona a narrativa de um inexplicável buraco no peito e de uma solidão que afoga a esperança. O semblante do interlocutor muda e nota-se que o abismo está logo ali, pois o medo se acerca; um evidente sinal de que o eu pessoal está desalinhado do Eu Superior, como um barco à deriva.

Fica cada vez mais claro que a felicidade que tanto almejamos não se resume apenas ao atendimento dos aspectos materiais, daquilo que idealizamos e desejamos mentalmente, influenciado por uma sociedade de consumo e um sistema de crenças que cotidianamente reforça que a segurança e o sucesso estão atrelados ao “ter”. Entretanto, temos uma exigência inata por compreender outras nuances da vida; assim como procuramos por novos matizes de cores, aromas e sons diante da grandiosidade da natureza, devemos fazer uma imersão interior na tentativa de descobrir respostas para questões essenciais da existência humana, como a imortalidade da alma, de onde viemos, para onde vamos, nosso papel como ser espiritual, nosso Propósito, dentre outras instigantes indagações.

Algo dentro de nós faz pressão para nascer, e precisamos abrir espaço na consciência para que a intuição aflore e passemos a viver norteados por um saber que vem de uma região mais profunda do ser, não contaminada pelos apelos do ego. Na medida em que o mundo externo se deteriora nos seus valores mais básicos, precisamos trazer essa Sabedoria à luz, iluminando minimamente a escuridão em nós e à nossa volta.

Nos momentos de enlevo e de Graça, quando a Luz do ser “fura” as barreiras da personalidade, o medo se esvai por completo e o vazio no peito é preenchido com um inusitado sentimento de união. A escuridão se dissipa, e tomamos contato com uma alegria transcendente e uma paz que não conhecíamos. As âncoras materiais da narrativa de uma vida perfeita continuam a existir, mas já não são mais suficientes para definir padrões de felicidade e garantir segurança: surgiu um novo eixo de sustentação, de alegria e de paz, que advém do nosso próprio mundo interno.

Sabemos que a escalada para Deus é infinita e que o caminho se faz na medida em que o percorremos. Assim como o carvão não se transforma em diamante da noite para o dia, pois requer terreno adequado e elevadas pressões e temperaturas, nossos erros e acertos, a aspiração pelo bem e o tanto de Amor que conseguimos vivenciar no dia a dia vão forjando um novo ser, cada vez mais lúcido do seu papel como um espelho que reflete a Luz do Criador.

“Quando você faz coisas a partir da sua alma, sente um rio de alegria se movendo dentro de você” (Rumi)

Grupo de Estudos
Entrevistas Youtube
Entre para o Canal de Divulgação Whats App
Redepax
Instagram
Facebook
Sabiah – Conselheiro Voluntário