À medida que entramos em estado de oração, mais queremos aprofundá-lo, mais queremos orar.

Saber que somos todos UM, integrados numa vida única, nos torna neutros, nos pacifica. Essa constitui a forma mais elevada de oração. Qualquer conflito ou sofrimento que nos advenha é sinal de que nossa consciência abandonou temporariamente o conhecimento da unidade.

Orar sem cessar, cultivar a atenção ao interior do próprio ser, é a meta dos que buscam transcender o individualismo e descobrir-se em unidade com todos.

Sofremos e reagimos perante os acontecimentos por esquecer que somos todos uma só vida. Esquecemo-nos de que quaisquer situações fazem parte de Algo abrangente, completo e universal em que estamos incluídos. Este é o trabalho de oração vivo: estar coligado com a essência de tudo e de todos. Se isso é feito, vemos que mesmo nas situações tidas como difíceis há sempre algo positivo, e que tudo o que nos ocorre redunda em bem.

O segredo da cura é a ausência de reações. Se mergulharmos em algum conflito temos a tendência a não ver nada além; mas se conseguimos coligar-nos com regências maiores, se chegamos a reconhecer a situação de conflito como ilusória, se entramos em contato com mundos elevados, nossa dificuldade não perdura.

O estado de oração leva-nos a estar presentes em tudo o que se passa e a ter em conta que Algo grandioso, eterno e poderoso está atuando sempre. Vemos condições mudarem tão logo nos coligamos com essa essência de vida, com a energia interna que conduz os nossos dias.

Estamos em oração quando atentos ao profundo do nosso ser e sintonizados com a perfeição existente no âmago de todos os que nos cercam. Esse estado de oração permite que mundos específicos gerem grandes transformações em nós mesmos e no universo material.

Quanto mais o ser se esvazia, mais é dignificado e mais se une à própria essência. A grande base dessa união é o autoesquecimento, a doação de si mesmo. Quanto mais se doa, mais o ser se torna capaz de vencer as provas que surgem em seu caminho.

Se nos esquecemos de nós mesmos, vamos nos depurando do egoísmo. Tornamo-nos mais desapegados das coisas, nosso sentido de compaixão aumenta, refletimos com mais transparência a pureza da nossa essência. O estado de oração vai então fazendo-se contínuo, e passamos a irradiar maior clareza para o mundo.

“Deus nosso, que és nosso Eu alado, é Tua vontade em nós que quer.
É Teu desejo em nós que deseja.
É Teu impulso em nós que pode transformar nossas noites, que Te pertencem, em dias que também Te pertencem.
Nada Te podemos pedir, pois Tu conheces nossas necessidades antes mesmo que nasçam em nós.
Tu és nossa necessidade; e dando-nos mais de Ti, Tu nos dá tudo.”
(Khalil Gibran)