Se amamos a verdade, devemos amar o silêncio. Ele é como a luz do sol que nos ilumina, que nos livra dos fantasmas da ignorância.
Quando aprofundamos o silêncio, nossa vigilância se aprofunda e a serenidade se implanta. Só então passamos a ouvir os outros, a perceber suas necessidades sem impor-lhes um modo de ser ou de pensar. Despojados de nós mesmos, ficamos a serviço dos demais e prontos para uma consciência universal.
No silêncio está o segredo da superação do ego, da transcendência da vontade pessoal e humana em nome da realização do Plano Divino sobre a Terra.
Nosso ser interior está eternamente em silêncio. Precisamos, apenas, aprender a escutá-lo. A vida de oração brota dele, o amor brota dele, a sabedoria brota dele. Ao nos coligarmos com esse silêncio atenuam-se os movimentos externos, cessa a luta pelo controle da palavra.
Há um modo de ouvir elevado, alimentado não por expectativas de alguma especial mensagem de Deus ou de mudanças conforme nosso desejo, mas pela atenção confiante e receptiva ao mundo interior.
A vida de oração dissolve a inflexibilidade da personalidade. Desata amarras, mesmo as mais imperceptíveis. Em estado de oração a pessoa se torna leve, adaptável, e descobre o que verdadeiramente é responsabilidade no serviço a Deus.
Da oração vem a força para a transformação. É ela que aponta o caminho para maior equilíbrio e equanimidade, é ela que nos torna capazes de ver com a mesma atitude, desde a mais pequenina centelha ao mais radiante farol.
Ao nos ofertarmos para o serviço, deixemos nosso ser interno dirigir-nos os passos. Ele sabe qual é a necessidade e onde está a tarefa que nos cabe. Nossa contribuição é uma partícula da obra evolutiva de um grupo de almas.
A oração mostra-nos como podemos concretizar nossas aspirações de serviço espiritual. Ensina-nos a paciência e a ver quão mais frutuoso é o dar do que o receber.
Que todos os dias, antes de o sol se por, procuremos reconhecer os atos que realizamos fora da lei divina e nos disponhamos a equilibrá-los. E que possamos irradiar para a Terra inteira novos padrões de harmonia.
“Senhor
Fazei de mim um instrumento da Vossa paz.
Onde há ódio, que eu leve o amor.
Onde há ofensa, que eu leve o perdão.
Onde há discórdia, que eu leve a união.
Onde há dúvida, que eu leve a fé.
Onde há erro, que eu leve a verdade.
Onde há desespero, que eu leve a esperança.
Onde há tristeza, que eu leve a alegria.
Onde há trevas, que eu leve a Luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais:
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna”
(São Francisco de Assis)