Le-Carnaval-des-Animaux-XIII.-Le-cygne-Arr.-Hazell-for-Cello-and-Orchestra-·-Han-Na-Chang

Reflexão baseada no livro “A Essência do Bhagavad Gita”, explicada em detalhes por Paramhansa Yogananda. O livro é uma dádiva, porque proporciona maior entendimento dessa complexa busca que todos empreendemos, conscientemente ou não, em direção à nossa verdadeira origem, à divindade que todos somos.

O Bhagavad Gita, que significa “A Canção do Senhor”, é o principal livro místico-filosófico que consolida as ideias da espiritualidade do hinduísmo. O livro é como se fosse a “Bíblia Hindu”, o qual, através dos diálogos entre Krishna, a Divindade, e Arjuna, o Discípulo, explica de forma poética e inspiradora as nuances do processo de busca do Eu Superior, do Eu Verdadeiro e da Verdade sobre nós mesmos.

Num dos inúmeros diálogos, Arjuna se dirige à Krishna e pergunta sobre o que acontece àquele que, de um lado, não logra sucesso na sua busca pela divindade e tampouco consegue controlar sua mente, apesar de todos os esforços na prática espiritual. De outro, vê somente nuvens embaçadas, porque, incapaz de encontrar Deus, também não consegue mais voltar ao mundo das ilusões ao qual rejeitou. Arjuna pede, então, à Krishna, sabedoria e cura dessa incerteza que assola sua alma.

Sobre este diálogo, Yogananda nos dá algumas visões sobre a questão dos objetivos do aspirante, e nos mostra as diferentes maneiras de fracassar no processo, abordando questões fundamentais da espiritualidade e da eternidade da vida. A principal interpretação, que motivou a criação desta postagem, é aquela que ele traz serenidade e esperança aos “buscadores da verdade”, abordando a fé, a paciência e a entrega a Deus, como ingredientes-chaves para lograr a verdadeira felicidade.

Assim falou Swami Kriyananda, discípulo de Yogananda, a respeito de como seu mestre abordava o tema da busca espiritual (pag 269 do livro “A Essência do Bhagavad Gita”):

“Meu guru (Yogananda) recorria sempre ao exemplo da semente de uma árvore lançada ao solo. Ela exige tempo para germinar. E mais tempo ainda para que seu broto aponte da terra e seu caule, esguio, a princípio, vá engrossando e crescendo. A semente tem de ser regada e protegida das formas de vida inferiores que a possam ameaçar.

Já um pouco crescida, necessitará de um cercado para que os animais de porte não a destruam. Mas, uma vez transformada em árvore, mesmo um cervo poderá acossá-la com os chifres sem abalar-lhe o tronco. Entretanto, esse longo processo exige paciência. Não fique a escavar em volta do broto da sua fé para ver se ele está crescendo. Faça tudo o que puder no presente e deixe os resultados na mão de Deus.

Quer O encontre nesta vida ou tenha de esperar por outra ou muitas outras, que isso não lhe cause preocupações no momento. Pense nas inúmeras encarnações que desperdiçou caminhando em sentido contrário. Leva tempo sair do casulo que fomos tecendo ao longo de vidas incontáveis e mergulhar na vastidão da eternidade. Contente-se com fazer o melhor agora e deixe o resto para Deus.

O caminho para a Divindade não é como vagar tropegamente pelo deserto na esperança de encontrar um oásis. A cada passo, nessa vereda, deparamos com um panorama mais belo: verdejante, florido, infinitamente variado. Quanto mais longamente meditamos com sinceridade, mais nossos sentidos se apuram. As cores se tornam mais vívidas; os sons, mais envolventes; os perfumes, mais inebriantes.

A vida como um todo vai nos parecendo cada vez mais maravilhosa. Quando conseguimos superar os sentidos físicos, os sentidos astrais, superiormente aguçados, nos brindam com maiores deleites. Poderemos ir além até mesmo das experiências astrais; mas é encorajador saber que esses cenários e sons interiores se tornam mais bonitos, os aromas mais agradáveis e os sabores mais picantes.

Vivamos a plenitude do momento, usufruindo das práticas yóguicas (espirituais), concentrando-nos no instante atual e não no futuro, amando a Deus aqui e agora, oferecendo-nos ao Senhor e não cuidando de recompensas. E lembremo-nos sempre de que não existe um “nós” a ser recompensado!

A principal razão que leva as pessoas a desanimar é sua expectativa de resultados específicos. Aprenda a não contar com nada. Já não é alegria bastante estar à procura de Deus e não incessantemente à cata de miragens que, como todos sabem, se evaporarão tão logo você se aproximar delas? Deus é a única resposta humana de felicidade. De que mais você precisa, que mais o satisfará antes de reencetar (recomeçar, reatar) a jornada para Ele?”

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Sabiah – Conselheiro Voluntário