Caminho Montanha
Clair-de-Lune-Claude-Debussy

Uma história simbólica que nos faz refletir sobre os diferentes estágios na busca do autoconhecimento. De um lado, as provas da vida impõem uma mobilização consciente para extrair os ensinamentos e seguir adiante com mais sabedoria; de outro, a necessidade da busca pelo Eu Superior, nossa fonte de Graça para as transformações mais profundas da nossa consciência.

Na verdade, não importa o estágio no qual nos encontramos; lembremos que ninguém é perfeito humanamente e que a escalada para Deus é infinita; sempre haverá um degrau acima na escalada evolutiva. O que conta é a nossa intenção e nossos atos, bem como a abertura e disposição para nos transformarmos em seres humanos melhores a cada dia. Isso requer uma abertura mental para o nosso mundo interior, de lá vem a força e a luz para que possamos ver tudo sob o ponto de vista da nossa consciência mais elevada.

Fonte: Livro “Encontros com a Paz”, de José Trigueirinho, editora Pensamento, 1993, capítulo “Sem o jugo dos sentidos”.

 “Após árdua jornada, grande alegria brota em um peregrino ao divisar uma fonte. No entanto, aproximando-se dela percebe que sua água é tão escura e lamacenta que não pode bebê-la. Mais adiante, porém, vê outra fonte, esta com águas claras. Alguns galhos, folhas e insetos flutuam na superfície; quando o peregrino tenta tirá-los, movimenta a água, e do fundo emerge o lodo que se havia decantado. Assim, também não lhe serve. Mas ainda se depara com uma terceira fonte, alimentada por veios subterrâneos. É cristalina, e no fundo o peregrino vê a areia limpa e clara. Suas águas mitigam-lhe por fim a sede e refrescam-lhe o corpo.

No início do trajeto, o que o indivíduo traz em si é como aquela primeira fonte: algo turvo, carregado de detritos e sujeiras, pois o que a consciência humana acumulou em arquivos subconscientes, no passado e na hereditariedade, mantém-na afastada da pureza original. É um estado tão denso que a princípio não se pode esperar que venha a surgir no ser uma expressão superior. Contudo, o que em essência existe naquela fonte é o mesmo elemento água de um lago cristalino, e as leis de evolução vão oferecendo condições para que se purifique e atinja transparência e limpidez.

Quando o indivíduo assume libertar-se desse estado turvo, as situações que vão sendo por ele vividas trazem-lhe as purificações necessárias. Persistindo, ele chega a um nível no qual o material que forma seus corpos exprime clareza, retidão e serenidade, mesmo que ainda estejam presentes resquícios do passado. No entanto, qualquer movimento mobiliza esses resíduos, fazendo emergir forças que ofuscam a consciência. Esse estado, representado pela segunda fonte, é o dos que têm suas forças e energias purificadas ou sublimadas, mas ainda não transmutadas. Certo controle já foi por eles adquirido, porém as raízes do mal ainda não foram arrancadas e com qualquer estímulo voltam a brotar.

Esse patamar intermediário é caracterizado por um período de sofrimento para a consciência que busca um estágio vibratório superior, que já se decidiu por chegar a ele e que com frequência vê surgir em si movimentos no sentido oposto ao de sua aspiração. Mas, se não se deixa abater por isso e extrai ensinamentos do que é vivido, consegue sair desse impasse.

A passagem do primeiro estágio para o segundo é facilitada pelas ações conscientes do indivíduo. Mas, na passagem do segundo para o terceiro, são energias internas simbolizadas pelos veios subterrâneos que operam as transformações requeridas, pois não está ao alcance do consciente eliminar as raízes que o mantêm vinculado às forças escusas. Portanto, do segundo para o terceiro estágio, é a energia da Graça que atua, transmutando as forças e a matéria que compõem os corpos do ser.”

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