Esta frase de Martin Luter King Jr “todo homem deve decidir se caminhará na luz do altruísmo criativo ou nas trevas do egoísmo destrutivo” é quase um decreto de que precisamos sair da “bolha do mim” e pensar cada vez mais no outro, no coletivo, em aderência à lógica da alma, que é servir ao próximo. Afinal, nas palavras cristãs, “viemos ao mundo para servir e não para ser servido.”
Lembro-me da história de três operários que estavam assentando tijolos, contudo, cada um deles com visões e posturas completamente diferentes em relação ao modo de lidar com as situações da vida. Um deles considerava que sua missão era “assentar tijolos”; o outro, um pouco mais lúcido, dizia que estava “construindo um muro”; já o terceiro, com mais clareza do seu propósito, afirmava que estava “construindo uma catedral”. Poderíamos dar asa à imaginação e considerar um quarto operário, e talvez este, com a consciência ainda mais ampliada, dissesse que estava expressando a vontade da sua alma, colocando o bem e o amor acima da sua vontade pessoal e se disponho a fazer o melhor de si mesmo, em prol do bem comum.
Creio que esta simples história nos ajuda a refletir sobre muitos aspectos da forma de lidar com aquilo que a vida nos apresenta, em especial sobre o egoísmo, o “viver para si mesmo” e a falta de conexão com nossa alma. A fome e o desequilíbrio existem, mas não pela falta de alimento, de recursos ou de tecnologias, mas pela ausência de valores morais, pela falta de integridade e de fraternidade, pelo distanciamento do homem da sua verdadeira origem, do seu ser primordial, cujos atributos são ligados ao bem, à compaixão e ao amor ao próximo. Demos grandes saltos tecnológicos, mas não evoluímos na mesma proporção em relação à ampliação da nossa consciência, aos valores e à ética.
Os grandes seres da humanidade foram aqueles que se notabilizaram por terem se doado a uma causa e que serviram de forma incondicional, com desapego, com despojamento, dando o melhor de si para a elevação da vida. Fizeram o bem pelo amor ao bem, por convicção, e não para serem reconhecidos, laureados ou motivados por convenções sociais e regras. A doação de si e o serviço desinteressado e altruísta são, de fato, as vocações do nosso espírito. Nosso coração se alegra ao exercer essa prática.
“Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.”
(Leon Tolstoi)
Ainda inconscientes, tomamos decisões sem levar em conta a “catedral” e não percebemos que ela existe como um “estado de consciência”. Levemos em conta que a humanidade é Una, que estamos interligados de todas as formas possíveis, seja material ou espiritualmente falando. Se lançarmos uma pedra no lago, grande ou pequena, as emanações irão reverberar até a margem, lenta ou rapidamente, dependendo da qualidade e da força da nossa ação. Que seja uma pedra do bem.
Temos que ter a consciência mais ampliada possível, sem fronteiras de qualquer natureza, principalmente em momentos críticos como esse que a humanidade está passando. É importante estar com a catedral na mente em tudo que fizermos, seja numa simples ação, seja nos relacionamentos, quer na educação, na tomada de decisão, em qualquer área e circunstâncias da vida. Trata-se de um virar de chave, colocando-nos sempre na posição de servir, de ajudar à humanidade a sair da escuridão do egoísmo e da ilusão do materialismo.
Certamente que os padrões culturais e os condicionamentos impostos pelo processo educacional e pela mídia ajudaram a criar um padrão mental que fomentou a competição e criou um modelo de sucesso focado no ter e não no ser. Esse modelo impediu, de certa forma, a sábia prática do pensar mais no outro do que em si mesmo e nos afastou da nossa competência essencial e do nosso verdadeiro Propósito.
Colocar isso em prática nos impõe, de certa forma, uma luta interna, um diálogo entre dois personagens que puxam a corda para lados opostos. Sabemos que quando queremos dar um passo e pensar “fora da caixa”, as poeiras dos condicionamentos arraigados emergem do fundo do poço e embaçam nossa visão.
Precisamos muito da energia da “Vontade-Poder” para sair da inércia e moldar o homem que queremos ser. Não podemos agir apenas como um cidadão da nossa mente, acorrentado pelos grilhões dos condicionamentos das crenças e das ideias do inconsciente coletivo. Devemos seguir nossa “guiança” interna, nossa alma, nosso Coração Espiritual.
Aqui cabe uma breve reflexão de Paul Brunton sobre o “moldar do homem do futuro”, extraída do livro Meditações para Pessoas em Crise.
“Sentado à mesa de carvalho, reflito sobre meu futuro e passo a fazê-lo agora sem preocupações e com uma calma quase completa. Compreendo, neste momento, o que havia percebido apenas vagamente antes, isto é, que embora os sofrimentos que ainda me atingirão não serão menos reais que os sofrimentos passados. Disponho de uma ampla liberdade de ação no sentido de, em meu íntimo, dar forma ao homem que terá de passar por estas aflições.”
“Tenho o poder de moldar esse homem interior; e o farei. Esse, então, será o meu futuro; as vitórias ou derrotas do destino representam somente a menor parte dele; a alma que se defronta com esse destino e o enfrenta corresponde à parte maior; e essa alma pode ser moldada por minhas próprias mãos.”
Em que pese os tropeços na jornada da vida, podemos “dar à luz a nós mesmos, àquela pessoa que nascemos para ser, àquela cujo destino estava codificado em nossa alma, nosso espírito, nosso gênio”, citando Steven Pressfield, em A Guerra da Arte.
O que importa, de fato, não é a posição, o nível de maturidade e a evolução, nem mesmo os resultados em si, mas a maneira como obtemos os resultados, a motivação que colocamos na mudança, a forma de nos conduzirmos na vida, a intenção com que realizamos algo e o grau de comprometimento que devemos ter com o bem da humanidade. Desse modo, os acréscimos virão, certamente, cedo ou tarde, no tempo de Deus, pela eternidade da vida.
O “pensar mais no outro do que em si mesmo” traz aromas de bem aventurança, nos conduz na direção dos nossos padrões humanos mais elevados e nos coliga com o amor e com a fraternidade. Podemos fazer uma grande diferença, saindo da posição: “como isto pode me servir?” para “como posso servir a isto?”, citando a filósofa Lucia Helena Galvão. Afinal, de acordo com princípio espiritual de que somos uma unidade, um só corpo-humanidade (“Eu e meu Pai somos Um”), então, os outros somos nós mesmos; e nesse sentido, qualquer ato de ajuda fraterna feito pelo amor ao bem, trata-se de uma autoajuda.
“Não se pode ser feliz, se só se olha para si mesmo, quando só se pensa no interesse pessoal. É preciso viver para outrem, se se quer viver para si mesmo.”
(Sêneca)
Assista aqui a um pequeno trecho da palestra de Rossandro Klinjey: “Egoísmo, o causador de conflitos”
Belíssimo texto! Parabéns!
E já que citaste um grande samba, deixo aqui outro que tangencia esse tema, quando a humanidade enfim tiver ampliado a sua Consciência, viver em prol de um bem comum deixando de lado o egoísmo e o “viver para si mesmo”:
“O Sol há de brilhar mais uma vez
A Luz há de chegar às corações
Do mal será queimada a semente
O Amor será eterno novamente…”
(Juízo Final – Nelson Cavaquinho)
Chegaremos lá, seja nessa ou na outra!
Grande abraço e parabéns pelo blog!
Boa Dani, Certamente que a estrofe mencionada fará parte de alguma reflexão. Juízo Final é um hino ao amor e à sabedoria. Esses poetas nos deixam ensinamentos filosóficos todo o tempo, de forma simples e sofisticada.
Excelente texto!!!! Nos faz refletir e ficar atentos em nossas ações. Esquecer um pouco “ de mim” e pensar um pouco mais “no outro.”
Parabéns!!!!
Juntos sempre Maga.
Eu lembro de um cliente que dava esse exemplo para mobilizar pessoas em projetos de grande benefício pra organização, onde era necessário uma dedicação extra de cada um pra isso…Vc lembra Lem? Kkkk
Hoje sou eu que vou replicar suas palavras com grande prazer e satisfação! Dando os devidos créditos !!!
Amiga, feliz demais por você estar aqui e por relembrar os incontáveis discursos sobre a catedral (acho que passei do ponto rsrs). Nunca foi tão necessário quanto agora pensar no bem geral. Seu trabalho de ajuda humanitária é uma inspiração para mim e vamos atuar juntos para divulgar seus projetos. Obrigado.
Que texto maravilhoso!!! Que reflexão importante nos traz! Começando o meu dia com essa leitura, só tenho a agradecer!
Rosane, começando o dia com uma sinalização positiva dá muita força para prosseguir. Sou grato também.
Betinho, esse texto me fez refletir sobre valores, efetivamente capaz, de criar uma consciência lúcida que possa traduzir a verdadeira felicidade. Excelente leitura! Parabéns!!
Que bom que curtiu Elen. Estamos todos nessa escola de aprendizagem e seguimos pensando no bem geral, tentando colocar em prática princípios e valores dignos do nosso papel como seres humanos. Paz.
Sim, caro Humberto.
Precisamos ampliar nossas referências espirituais para irmos em direção ao Todo.
Vamos juntos mestre, na busca do Ser Maior que já somos
Ampliando a consciência … Maravilha … Nos ajuda a pensar mais no próximo do que em nós mesmos … Não é muito fácil, mas vamos tentando …
Adorman …
Seguimos juntos, na escalada do aprimoramento, na direção do Ser.
Deus quer, o homem sonha e a obra nasce … Fernando Pessoa
Assim acreditando, percebo a grandeza das reflexões que o texto nos proporciona. E, falando então de referências, não nos faltam nele motivadores para a ampliação da consciência. Lindo !!
Obrigado pelas palavras Leo. Como os filósofos dizem “a vida é pedagógica” e nos traz sempre provas e ensinamentos para ampliarmos nossa consciência.
Em Luzes de Ampliando a Consciência … Penso que : A Catedral que estou construindo, beneficia a mim ou ao Todo … É uma boa Reflexão …
Luz e paz …
Adorman …
Olá, como vai ?
Interessante sua puplicação vc acha pertinente colocar
neste meu site?
http://www.planosdesaudehdm.com.br
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Um grande abraço.
Olá Tânia. Fique a vontade para publicar onde achar mais conveniente; afinal, a intenção é para o bem geral.
Caso você queira ficar atualizada sobre as publicações, uma alternativa rápida é entrar no grupo de divulgação (não é grupo de discussão), acessando o link a seguir. Obrigado
https://chat.whatsapp.com/Lt70Z2Utht6Ctrk6hELQNP
É verdade, a humanidade como um todo, vive com a mente … Deveríamos todos viver a partir de nosso coração para todas as nossas decisões, afinal no coração está a Sabedoria … Não é fácil, mas vamos tentando …
Um abraço Humberto …
Adorman …
Vamos seguindo, tentando “honrar as verdades com a prática”, como disse Helena Blavatsky.
Abraços
Estou estudando ampliando a consciência pela terceira vez … A cada momento me deparo com uma nova forma de pensar … Assim, posso chegar ao ponto em que : A Humanidade é mesmo una, mas cada um de nós está em um novo ponto de consciência, o qual se renova infinitamente … É o nosso evoluir …
Luz e paz Humberto …
Adorman …
Também penso assim. Parece que as coisas se repetem e ficamos no mesmo ponto. Mas penso que as experiências ocorrem em espiral, e estamos sempre evoluindo, indefinidamente. Vamos juntos.