Compaixão Nicolas Hoerich
Albinoni, Adagio

O ser humano empreende muitos esforços na tentativa de superar seus próprios limites e quebrar as fronteiras que o separa do imaginário das possibilidades físicas e mentais. A busca pelo ideal de perfeição é notória, em especial nos esportes, onde a competição estimula atingir metas mais elevadas e melhores indicadores de performance.

Tudo muito louvável e digno. Adicionalmente, é fundamental lembrar que à busca por metas pessoais deve ser adicionada a procura pelos ideais mais elevados do ser humano, aqueles vinculados à alma, a qual traz os códigos ligados ao nosso verdadeiro Propósito. A vida nos impõe evoluir, escalar montanhas e, em especial, vencer a nós mesmos, a mais difícil das batalhas. Se aquilo que fazemos, e até a razão, não se curvarem à Sabedoria Interior corremos o risco de reforçar algo que pode não corresponder mais ao nosso atual estado de consciência e evolução.

Em geral, as metas pessoais, humanamente definidas, estão condicionadas por um sistema de crenças e valores de uma sociedade forjada no ego humano, e a competição assume um grau elevado de importância. Assim, os objetivos são concebidos segundo uma realidade que não considera a essência das coisas, mas apenas aquilo que está visível aos nossos olhos e percebida pelos demais sentidos. O que vemos e sentimos talvez sejam as folhas, os galhos e os frutos, mas a árvore da vida inclui suas raízes, aquelas que nutrem verdadeiramente aquele vegetal. A alma é a nossa raiz.

A medida que vamos praticando nosso olhar para a essência das coisas, vamos mergulhando no desconhecido e passando uma borracha nas fronteiras internas, aqueles limites mentais imaginários que fragmentam nossa visão de mundo. Diante do espelho devemos ver não somente a forma, mas o espírito imortal encapsulado pela forma. Para quebrar essas fronteiras, é mandatório olhar para nós mesmos e para tudo com a visão da alma, como se fossemos um Eu Superior. De fato, momentos de quietude trazem aromas de bem aventurança e de irmandade, bem como a certeza de que somos elos de uma grande corrente, células de um só corpo-humanidade, em unidade com a Criação.

Se as fronteiras internas se rompem, rompem-se também todas as questões sectárias que trazem medo, apegos, isolamento e segregação. Cor, sexo, raça, nacionalidade, religião, ideologias, … todos estes limites são vencidos e, no lugar deles, surgem a união e a verdadeira fraternidade. Ou seja, nos tornamos seres universais, comprometidos com o bem da humanidade. A dor do outro torna-se a nossa dor também, seja ele nosso amigo, parente, vizinho ou aquele que mora do outro lado do continente.

Como somos uma Unidade, os pensamentos, sentimentos e ações de cada um de nós afetam a todos, indistintamente. Que possamos, então, elevar nossa consciência e atuar como espelhos que captam e emanam a Luz que vem do Altíssimo, de Deus. Que o calor dessa Luz possa aquecer nossas melhores sementes e fazer com que suas cascas se rompam, cresçam e deem os doces e abençoados frutos do Coração humano. E que todos os lares e famílias do mundo possam receber esse calor, trazendo um novo amanhecer.

Vela pela União. Que todos os povos se tornem uma só civilização; todos os países, uma só nação; todas as línguas, um só idioma; todas as filosofias, um só pensamento; todas as religiões, um só movimento de ascensão interior; todos os fragmentos, uma só vida”
(José Trigueirinho)

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