Quando o cumprimento de tarefas externas leva a uma vida automática, exteriorizada, faz-se necessário interromper a rotina, ainda que temporariamente, e entrar em contato com algo que ajude a coligação com a realidade. Livre dos apoios, distante do velho mundo conhecido, pode-se ficar mais disponível para uma compreensão abrangente, uma reavaliação de metas, um aprofundamento de valores mais caros.
As coisas terrenas – objetos, relacionamentos ou até mesmo trabalho em benefício dos demais – têm em si valor secundário se dissociadas do espírito que as vivifica. Se tiverem tanto poder sobre o coração que impeçam essa compreensão, é melhor renunciar a elas pelo tempo que for preciso para haver a necessária liberdade interior.
Num trabalho evolutivo tem-se de retomar continuamente o impulso inicial, reassumir o propósito básico da existência, renovar os próprios votos de entrega aos desígnios do Alto e de dedicação à vida de serviço. Sem essa atitude vigilante, crescem no coração ervas daninhas cujas sementes passam desapercebidas, os olhos se obscurecem, esvai-se a alegria interior.
A única e verdadeira prova é a de jamais afastar-se do Caminho escolhido no mais profundo da alma. Todas as outras nada mais são que seus desdobramentos, e se apresentam gradualmente.
Quando chegamos a um impasse diante da imperfeição humana, quando a mente se mostra confusa e o coração se torna acossado pela desesperança, o amor ao Caminho é o nosso arrimo. A simples polarização da consciência nesse amor é capaz de nos atrair para o Alto, de nos erguer acima das brumas.
A Terra está repleta da bondade de Deus. Dele vem o juízo reto e a sabedoria, disponíveis na medida em que nos despojamos de nós mesmos e vamos conhecendo e observando Sua Lei. Nada a temer, nada a desejar; basta seguir os preceitos do Caminho.
Despojarmo-nos de nós mesmos pode ser às vezes difícil, mas é a tarefa primordial. Toda atitude correta, pautada pela Lei, faz diminuir o ego e traz a paz. As atitudes incorretas dão ênfase ao ego e trazem dor. No Caminho não há disputas nem vencedores, mas sim a elevação de grupos de almas a uma meta única: a união com o Criador de todos.
“Ajoelho-me diante de Ti pedindo orientação para os problemas e decisões da vida, mas recebo essa orientação tomando a Ti como exemplo de perfeição moral a ser seguida e copiada. Peço-Te ajuda na minha fraqueza e dificuldade, nas minhas trevas e tribulações, mas faço surgir e moldo essa ajuda tentando absorvê-la telepaticamente do Teu ser interior”
(Paul Brunton)