A oração é viva quando temos uma busca interior constante, sem excessos de entusiasmo ou períodos de desânimo. É a consciência que constrói a ponte com a paz e a eternidade.
A oração é um fogo que aviva o contato interno, o silêncio e a comunhão com energias imateriais. Leva a uma vida mais simples, em que as inquietações se dissolvem e os movimentos supérfluos cessam.
A oração nutre e plenifica. Por ela a consciência se afasta dos assuntos triviais e se ergue ao Alto.
Para chegar à oração precisamos ter um ritmo equilibrado de atividades diárias. O movimento excessivo faz-nos pensar que não temos tempo para nada, nem para nos conectar com a essência do nosso ser. No entanto, são os momentos de quietude e silêncio que repõem nossas energias e nos ajudam a organizar o cotidiano e a mantê-lo alinhado com os desígnios do Alto.
Se, por nossa lida diária, não encontramos tempo para orar, entramos num ciclo vicioso: sem vida de oração caímos numa atividade desenfreada, que nos leva à ansiedade e à insatisfação. Breves intervalos, nascidos da real necessidade de contato interior, rompem a ilusão da sobrecarga de afazeres e dão clareza e serenidade para que a vida siga o rumo superior para ela traçado.
Com a tendência ao imediatismo, são raras as pessoas que têm hoje consciência da importância da vida de oração. Mas ela é o que mantém as ações sincronizadas com metas amplas, tais como a de difundir o amor e a paz na face da Terra.
A oração penetra suavemente as esferas de onde partem os impulsos para a nossa conduta, purificando-os então e permeando-os com propósitos de bem e de harmonia.
Em meio aos trabalhos diários, lembremo-nos do verdadeiro “Realizador da Obra” e da sábia instrução: “De que vale acumular tesouros do mundo se para isso há que se perder a alma?”
Primeiro, a oração purifica a nossa vida material, abrindo caminho para as energias do ser interno. Depois nos dá consciência da nossa união com ele, razão da existência. Em fase posterior, mostra-nos que o lado interno da vida é comunhão, é trabalho silencioso de almas unidas numa só luz, para que se faça na Terra a Vontade de Deus.
“Senhor meu Deus, se eu te busco por medo do teu inferno, queima-me no teu inferno. Se eu te busco por desejo do teu céu, expulsa-me do teu céu. Mas, se eu te busco apenas pelo que és, recebe-me no seio da tua glória”
(Rabi’a al-Basri)