Publico a seguir o artigo de Delia Steinberg Guzman, presidente honorária de Nova Acrópole, o qual reforça a necessidade de termos ideias próprias, alinhadas com os mais elevados propósitos do ser humano.

Que possamos pensar, sentir e agir na vida a partir nos nossos ideais de justiça e de fraternidade, refletindo a Luz do nosso interior, a bússola que nos guia. Em contínua renovação, roguemos ao Pai que nos inspire sempre, de forma que as nossas convicções estejam ligadas à empatia e ao altruísmo, pensando no bem geral e na cura do egoísmo.

Vamos ao texto:

A nossa intenção é de clarificar a diferença que vemos entre convicção e fanatismo para que, postas as coisas no seu devido lugar, cada qual possa ajuizar sobre si mesmo e sobre os outros com um pouco mais de precisão.

A convicção é um alto compromisso psicológico, intelectual e moral que surge de uma adesão progressiva e fundada em boas razões, em provas, em experiências, em modelos e bases sólidas.

Uma pessoa com convicções demonstra uma saúde integral, uma segurança interior invejável, sabe de onde vem e para onde vai, que lhe permite mover-se com equilíbrio e sensatez. As convicções nascem de exercício constante das nossas capacidades interiores e da transformação paulatina de opiniões mutáveis em juízos estáveis. Não se trata de anquilosamento nem de estagnação; pelo contrário, quem tem convicções vive ao ritmo das Ideias, pois estas têm uma energia própria e um ritmo natural de desenvolvimento.

Uma pessoa com convicções é tolerante. É firme no que lhe diz respeito, mas dá lugar aos outros. Sempre disposta a ouvir, não despreza os que pensam de outro modo. Possui uma tolerância ativa: ouve os outros, expõe e defende os seus próprios pensamentos sem ferir, sem insultar. Sabe criar espaço para si mesma e para os demais. Abre espaço, gera espaço, reconhece o seu espaço, não invade o espaço alheio, não importuna, não inquieta nem maltrata os que estão à sua volta. Não se impõe de forma tirânica nem se considera o cume da perfeição. É a sua convicção que a ajuda a avançar, a ser cada vez um pouco melhor.

Uma pessoa fanática pensa pouco ou nada. Admite como bom o que os outros lhe dão e desenvolve, em vez de sentimentos, paixões incontroláveis que a arrastam para ações inconscientes das quais nem sequer se arrepende porque não pode avaliá-las.

O fanático só conhece uma ideia, se é que a conhece. Digamos antes que só aceita uma ideia, e que chegou a essa ideia não por uma adesão pessoal, mas sob o efeito de uma coação habilmente dissimulada na maioria dos casos.

O fanático é, por definição, intolerante. Nem sequer aceita a existência dos que possam sentir e pensar de outro modo; por isso, procura eliminá-los a qualquer preço, sendo a morte e a tortura algumas das terríveis manifestações desta atitude. O fanático não ouve, é incapaz de dialogar. Só sabe gritar alto e em bom som os seus princípios para ficar atordoado com a sua própria voz e não deixar espaço a nenhuma outra opinião. Contenta-se amplamente com o que tem e despreza tudo o resto que para ele não existe ou deveria deixar de existir. O fanatismo é raiz da tirania.

É certo que devemos conviver com muitos – demasiados – fanáticos, mas não podemos cair na cópia inconsciente desta aberração por muito que o absurdo que nos rege faça com que esta aberração ocupe mais tempo e espaço que as obras nobres e produtivas para a Humanidade. Devemos manter a nossa integridade moral e convertermo-nos em seres humanos cabais e com autênticas convicções.”

Delia Steinberg Guzman, presidente honorária de Nova Acrópole 
20/ago/2020

Entrevistas Youtube
Entre para o Canal de Divulgação Whats App
Redepax
Instagram
Facebook
Sabiah – Conselheiro Voluntário