Sob a Raiz, o Eterno

Sempre ouvi dizer que, quando a raiz está viva, a árvore terá sempre a chance de renascer e florescer. Essa imagem, tão simples e ao mesmo tempo tão profunda, revela algo verdadeiro em nossa caminhada de consciência: a essência permanece intacta, portanto, há sempre possibilidade de recomposição, de novo florescimento, de vida renovada.

Se nos voltarmos para dentro, perceberemos que existe algo ainda mais profundo do que a raiz. Há em nós um sopro eterno, aquilo que permanece, que não nasce nem morre, que não se perde com o tempo nem com as tempestades: a centelha divina, a essência imortal do Ser. É nesse ponto sagrado que encontramos a verdadeira sustentação, quando tudo à nossa volta parece desmoronar.

Nos dias sombrios, entretanto, quando a névoa dos pensamentos e sentimentos densos encobre a face oculta da verdade, parece que a raiz do ser está morta. É como se entrássemos na ilusão da matéria e acreditássemos que a dor, a falta de perdão ou a incapacidade de ter compaixão fossem definitivas. Nesses momentos, o maior dos desafios se apresenta: segurar firme o leme do barco, voltar-se para o Coração e, de lá, observar nossas próprias sombras e limitações.

O que poderia ser mais eficaz para dissipar a neblina interior e retirar os véus que nos separam do Ser primordial, senão a entrega e o desapego? A entrega não como resignação passiva, mas como confiança plena. O desapego não como renúncia estéril, mas como libertação dos fardos que nos aprisionam. E a quem recorrer em meio à aflição, como sentir o sopro da esperança em meio à calada da noite escura, senão ao Pai que nos assiste silenciosamente?

Cada súplica pelo encontro, cada prece, é como uma semente lançada ao solo do coração. Às vezes, a casca da dificuldade é dura, mas quando se rompe, revela a beleza escondida da vida que floresce justamente no contraste das vicissitudes. O sofrimento se converte, então, em oportunidade de crescimento, e a escuridão, em luz que sempre esteve presente.

Quando a esperança parece extinguir-se e a fé enfraquecer, resta-nos o retorno ao silêncio interior, à fonte de luz e amor que nunca nos abandona. É ali, no mais íntimo de nós, que reencontramos a seiva que nos reanima, a raiz viva que nos sustenta, e o chamado suave do eterno que nos lembra: sempre é tempo de renascer!

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